quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

CINE TROPPO - SEMANA DE 12 A 18/02/15

Cine Troppo 
Marco Antonio Moreira Carvalho 


ONDE ESTÃO OS FILMES DO “OSCAR” 2015? 
Alguns leitores têm me perguntado sobre a oportunidade de ver os filmes indicados ao “Oscar” 2015 em exibição nos cinemas locais. Infelizmente, não há resposta para esta questão. Antigamente, filmes indicados ao “Oscar” eram obrigatoriamente exibidos nos cinemas devido à divulgação da mídia especializada. Ou seja, filmes indicados ao prêmio americano era uma certeza de boa bilheteria. Lembro quando a distribuidora Columbia Pictures lançou nos cinemas “O Último Imperador” de Bernardo Bertolucci, em 1987. O filme, de alta produção e com elenco pouco conhecido do público, foi ovacionado por parte da crítica americana com boa bilheteria. Mas foi com as indicações e principalmente com as premiações do “Oscar” que o filme realmente aconteceu financeiramente. Foi um sucesso de bilheteria da distribuidora e um dos maiores do diretor Bertolucci. O que mudou?
Os exibidores têm dificuldades para lançar a maioria dos filmes nos cinemas devido a quantidade de salas que estão ocupadas com outros lançamentos. Os filmes que conseguem superar a média de público da sala de exibição, por contrato, devem continuar em exibição. Com isso, quando se tem data para lançar um filme, muitas vezes esta data está ocupada com outra estréia. Esta semana, por exemplo, “Cinqüenta Tons de Cinza” está ocupando a maior parte dos complexos exibidores do país. É uma produção que tem gerado muita expectativa e que certamente vai chamar a atenção do público. Logo, quando mais salas para este filme, mas certeza de boa renda. O resultado dessa ação é que outros filmes deixarão de ser exibidos. Como já escrevi em outro artigo, uma das maiores vítimas dessa situação é o cinema brasileiro que tem sua produção exibida em poucas salas. Mas e o “Oscar”? Este ano, bons filmes foram indicados. Filmes de sucesso de crítica que agradaram boa parte do público nos EUA. Mas pelo menos duas produções não tem apelo comercial: “Boyhood” e “Birdman”. “Boyhood” é um belo trabalho que acompanha o crescimento de uma criança até a adolescência. São quase três horas de dramas e conflitos familiares, sem efeitos especiais e explosões ou mortes. “Birdman” conta freneticamente a história de um ator que busca existir na vida real, imaginária. Enfim, existir. Planos sequência ajudam a construir a narrativa que tem no roteiro magnífico e na direção inspirada, seu grande trunfo. E assim como “Boyhood”, é um filme com muitos diálogos mais nesse caso, com alguns efeitos especiais e explosões necessárias a sua história. Ou seja, não são filmes que aparentam tem chances de bilheteria, mesmo com o “Oscar”. E entre o certo e o duvidoso, em tempos de crise, melhor garantir espaço para outras produções.
Caso alguns destes filmes sejam premiados com o “Oscar”, tudo pode mudar. Mas fica a reflexão sobre como funciona o mercado de exibição e como de fato, deveria funcionar. Afinal, com “Oscar” ou não, o número de filmes inéditos em nosso circuito exibidor só aumenta e isso deve preocupar o verdadeiro cinéfilo.

Moviscope 
*O cineasta Werner Herzog, excelente diretor alemão, está em Berlim para exibir seu filme “Queen of the Desert”. O diretor aproveitou o festival para falar sobre seu novo projeto: “Salt and Fire”.O filme será ambientado na América do Sul e focará em uma cientista que entra em conflito com o chefe de uma corporação responsável por um desastre ecológico. Quando um vulcão do local começa a apresentar sinais de erupção, a cientista precisa se unir ao desafeto para prevenir mais uma catástrofe. O filme será roteirizado e produzido por Herzog.
*”Ausência” de Chico Teixeira, foi exibido ontem no Festival de Berlim, com a presença de Wieland Speck, curador da Mostra Panorama, do cineasta, além dos protagonistas e produtoras. Após a sessão, o diretor, elenco e demais integrantes da equipe participaram de um bate-papo com a plateia. “Ausência” é o segundo longa-metragem do cineasta paulistano e será lançado pela produtora BossaNovaFilms em parceria com a distribuidora Imovision.

INDICAÇÕES 

ESTREIAS 



“Cinqüenta Tons de Cinza” 
Baseado no best-seller
Com Dakota Johnson


“A Vida dos Peixes” 
Vencedor do Prêmio Goya de Melhor Filme
Filme dirigido por Matías Bize


“O Crítico” 
Produção Argentina
Filme dirigido por Hernán Guerschuny

CONTINUAÇÃO 


“Corações de Ferro” 
Filme de David Ayer
Com Brad Pitt

AGENDA 



*Cine Olympia: 
De 12 a 18/02 – “O Amigo Americano” de Win Wenders. Sessão às 18:30h. Entrada Franca. Produção de 1977. Adaptação de "O Jogo de Ripley" de Patrícia Highsmith. Com Bruno Ganz, Dennis Hooper e Nicholas Ray. Apoio: Instituto Goethe.

*Cine Líbero Luxardo: 
De 18/02 a 01/03 – “A Vida dos Peixes”. Vivendo na Alemanha há mais de 10 anos, Andrés precisa retornar ao seu país natal e reencontra um grande amor da juventude. “O Crítico”. Víctor Tellez é um crítico de cinema exigente. Amargo e mal-humorado, ele muda sua vida após o início de um relacionamento amoroso.
Dia 14/02 – “O Cangaceiro” de Lima Barreto. Sessão Cult às 16 h. Entrada Franca. Debate após a exibição.

*Cine Estação: 
De 08 a 26/02 – “O Que Traz Boas Novas” de Phillpe Falardeu. Uma reflexiva visão do comportamento dos pais e do sistema educacional do Ocidente, a película trata da chegada de um professor argelino a uma pequena escola infantil do Canadá, a qual encontra-se em estado de choque devido ao fato de um aluno ter encontrado uma professora enforcada em sala de aula. Ele assume a vaga deixada pela professora suicida e procura lidar com o trauma das crianças.

*Cineclube Alexandrino Moreira: 
Dia 23/02 – “Bandido Giuliano”. Sessão às 19 h. Entrada Franca. Homenagem ao diretor Francesco Rosi. Debate após a exibição.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

CINE TROPPO - SEMANA DE 05 A 11/02/15

Cine Troppo 
Marco Antonio Moreira Carvalho 



A ARTE DE SAMUEL FULLER 
 “A Arte de Samuel Fuller” é um dos grandes lançamentos em DVD do ano, O digistack com 2 DVDs reúne quatro obras de Samuel Fuller (1912-1997) incluindo versões restauradas de “O Beijo Amargo”' e “Paixões que Alucinam”. Nos extras, um documentário sobre o diretor, com depoimentos de Tim Robbins, Jim Jarmusch, Martin Scorsese e Quentin Tarantino.
“O Beijo Amargo” foi realizado em 1964 e tem no elenco Constance Towers. O filme mostra a história de uma mulher que resolve mudar de vida e vai trabalhar como enfermeira de um hospital infantil numa cidadezinha. Mas, logo descobre que a perfeição e tranqüilidade do lugar escondem um mundo hipócrita e mesquinho que não tem limites. Grande roteiro e direção num filme fundamental para o cinema norte-americano dos anos 1960. “'O Quimono Escarlate” foi produzido em 1959. Dois amigos, veteranos da Guerra da Coréia, trabalham juntos como detetives e estão encarregados de resolver o assassinato de uma dançarina. Mas durante a investigação se apaixonam por uma misteriosa mulher. “Paixões que Alucinam” é uma de suas obras-primas. Realizado em 1963, o filme mostra a ambição de um respeitado jornalista que se compromete a resolver um assassinato cometido num hospício. Para tanto, ele se interna como louco na própria instituição, mas lentamente vai se envolvendo com a loucura dos pacientes e perde o controle. Uma obra-prima repleta de metáforas políticas, sociais e raciais. “Casa de Bambu” foi dirigido em 1955 e tem no elenco Robert Ryan e Robert Stack. No Japão, ex-soldados americanos integram uma gangue violenta envolvida em assassinatos, jogos e assaltos. A morte de um sargento estadunidense coloca a polícia do exército americano no caso e, assim, um militar se infiltra na quadrilha.
Samuel Fuller era um subversivo no cinema norte-americano. Sua obra foi esteticamente provocante e os temas de seus filmes eram polêmicos, fugindo do “american way of life” que reagia aos seus trabalhos pela sua coragem em tratar temas intocáveis como racismo. Filho de imigrantes judeus, seus pais alteraram o sobrenome da família de Rabinovitch para Fuller. Aos 17 anos já era repórter policial em Nova Iorque. Serviu no Exército dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, chegando a ser codecorado.
Estreou na direção em “Matei Jesse James” de 1949. Muitas vezes, Fuller teve problemas com a produção de seus filmes por querer uma independência raramente permitida nos padrões de Hollywood. No final de sua carreira, dirigiu o excelente “Cão Branco”(1981) com tema racial, baseado em romance de Romain Gary, porém o estúdio Paramount não o lançou. Após o ocorrido, passou a residir na França, falecendo em outubro de 1997. Sua obra merece ser conhecida e debatida por aqueles que gostam de estudar o cinema.

Moviscope 
* As indicações para o “César”, maior prêmio do cinema francês, foram anunciadas esta semana. O filme favorito é “Saint Laurent” de Bertrand Bonello com dez indicações. Catherine Deneuve foi mais uma vez indicada (por “Dans la Cour”), assim como Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”) e Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite). Na categoria de melhor filme estrangeiro foram indicados “12 Anos de Escravidão”, “Boyhood: Da Infância à Juventude”, “O Grande Hotel Budapeste”, “Ida”, “Dois Dias, Uma Noite”, “Mommy” e “Sono de Inverno”. Na categoria ator, Gaspar Ulliel (Saint Laurent) e Pierre Niney (Yves Saint Laurent) de Jalil Lespert são favoritos.

*Morreu no Rio, a atriz e cineasta Vanja Orico, de 85 anos, que ganhou fama na década de 1950 e se destacou em produções como “O Cangaceiro” de Lima Barreto. Vanja participou de mais de 20 filmes nacionais e estrangeiros. Foi a única brasileira a atuar com o cineasta italiano Federico Fellini. Em sua homenagem, a ACCPA exibirá “O Cangaceiro” na sessão Cult, no dia 14/02.

ESTREIAS 

“Selma – Uma Luta pela Igualdade”
Cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King, Jr
Indicado ao “Oscar” de melhor filme


“Olhos D´Agua”
Documentário sobre a história do cinema no Pará
Filme dirigido por Eduardo Souza

COTAÇÕES 

“Grandes Olhos” de Tim Burton - Bom
“O Jogo da Imitação”- Bom
“Busca Implacável 3” - Razoável “
"À Procura” de Atom Egoyan (DVD) – Muito Bom
 “As Canções” de Eduardo Coutinho(DVD) – Muito Bom
“O Menino e o Mundo” (DVD) – Excelente

DVD/SHOW 

“Edu Lobo – 70 anos”
Show comemorativo de 70 anos do artista, gravado ao vivo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Participação de Maria Bethânia e Chico Buarque.

AGENDA 


*Cineclube Alexandrino Moreira: 
Dia 09/02 – “O Solar das Almas Perdidas” de Lewis Allen. Sessão às 19 h. Entrada Franca. Debate após a exibição. Roderick e Pamela são irmãos que durante suas férias descobrem uma mansão abandonada na costa inglesa. Depois de comprar a casa, eles começam a ficar apreensivos com os rumores, e algumas evidências, de que o local seria assombrado.

*Cine Olympia: 
De 05 a 11/02 – “Olhos D´Água” de Eduardo Sousa. Sessão às 18:30h. Entrada Franca. Documentário sobre a história do cinema no Pará.
De 06 a 08/02 – “Juliana contra o Jambeiro do Diabo pelo coração de João Batista” de Roger Elarrat. Sessão às 18 h. Entrada Franca.

*Cine Líbero Luxardo: 
Até dia 08/02 - “Saint Laurent”. Indicado pela França ao Oscar 2015, na categoria de melhor filme em língua estrangeira, o filme aborda o processo criativo e os excessos do costureiro francês.



Dia 14/02 – “O Cangaceiro”(1953) de Lima Barreto. Sessão Cult às 16 h. Entrada Franca. Debate após a exibição. Homenagem a atriz Vanja Orico.

*Cine Estação: 
De 08 a 26/02 – “O Que Traz Boas Novas” de Phillpe Falardeu. Uma reflexiva visão do comportamento dos pais e do sistema educacional do Ocidente, a película trata da chegada de um professor argelino a uma pequena escola infantil do Canadá, a qual encontra-se em estado de choque devido ao fato de um aluno ter encontrado uma professora enforcada em sala de aula. Ele assume a vaga deixada pela professora suicida e procura lidar com o trauma das crianças.

Coluna Cineclube - Dia 29/01/23