sábado, 24 de novembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 23 À 30/11/12

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho

MEMÓRIA
Os Melhores do Cinema em Belém em 1963
Arnaldo Prado Junior

A Associação Paraense de Críticos Cinematográficos (APCC) fez sua primeira escolha de melhores do cinema de filmes exibidos no circuito comercial de Belém em 1963. No ano anterior críticos que militavam na imprensa também haviam escolhido os melhores relativos a 1962, mas não ainda em associação. Com o título “Críticos Paraenses Escolhem os Melhores de 1962”, foi publicada em “O Liberal”, de Belém, em 31 de dezembro de 1962, a lista dos filmes e demais categorias selecionados de acordo com as opiniões dos “críticos militantes da cidade”: Acyr Castro e Alberto Queiroz, de “O Liberal”, Rafael Costa, do “Jornal do Dia”, Edwaldo Martins e Sérgio Paulo de Macêdo, da Rádio Marajoara, e Arnaldo Prado Junior, do suplemento literário de “A Província do Pará”. Da primeira escolha da APCC, em 1963, participaram os seguintes: Edwaldo Martins (Rádio Marajoara), Acyr Castro (A Província do Pará), Rafael Vieira da Costa (Jornal do Dia), Arnaldo Prado Junior (A Província do Pará), Alberto Queiroz (O Liberal). Como se verifica, apenas um dos críticos da escolha de 1962 não participou da escolha de 1963. Com a reportagem ocupando página inteira, o jornal “A Província do Pará”, de Belém, publicou a relação dos melhores do cinema do ano de 1963, no dia 5 de janeiro de 1964, na página 2 do 2º caderno. O título da matéria é o seguinte: A Associação Paraense de Críticos Cinematográficos escolhe os melhores do ano. O texto que apresenta a escolha começa assim: Findo 1963, apresentamos aqui relação das obras e autores que mais se salientaram no campo da cinematografia no desenrolar de toda a temporada, de acordo com o ponto de vista da recém-formada Associação Paraense de Críticos Cinematográficos (APCC). Sobre os critérios de votação adianta-se que a escolha de “A Aventura” para primeiro lugar deu-se por ter aparecido na lista de quatro críticos em primeiro lugar e em segundo lugar na de outro e o único que não votou no filme foi aquele que não o assistira. Em seguida vem a explicação sobre a pontuação atribuída aos demais filmes: A lista geral, obediente ao processo de valores – atribui-se ao segundo colocado a marca 90, ao terceiro 80 e assim por diante, somando, ao fim, as notas obtidas dentro do voto individual de cada crítico, na ordem de seleção dos melhores filmes -, levou em conta sobretudo o binômio “forma versus conteúdo”, considerando tanto as possibilidades de desenvolvimento de uma pesquisa estética superior como a utilização com sucesso dos recursos específicos, de unidade e de equilíbrio, das películas exibidas no circuito comercial nesses 12 meses passados, em Belém, películas sempre que possível comentadas nas diversa colunas e programas especializados durante o ano. Em seguida faz-se uma rápida avaliação dos lançamentos em Belém e a apresentação é encerrada: Procuramos igualmente selecionar, em votação pura e simples, os cineastas, os intérpretes, isto é, os artistas que fazem e ajudam a fazer a obra de arte do cinema. Dos melhores filmes, constantes da nossa relação, os sete primeiros colocados e o nono foram exibidos pela Empresa de Cinemas S. Luiz Ltda., confirmando a sua escolha como a melhor exibidora do ano. A relação dos 10 melhores filmes está a seguir:
1. “A AVENTURA” (L’Avventura), de Michelangelo Antonioni – Itália.
2. “O BANDIDO GIULIANO” (Salvatore Giuliano), de Francesco Rosi – Itália – 560 pontos.
3. “O HOMEM DE ALCATRAZ” (Bird Man of Alcatraz), de John Frankenheimer - EE. UU. – 400 pontos.
4. “AMOR, SUBLIME AMOR” (West Side Story), de Robert Wise & Jerome Robbins – EE. UU. – 300 pontos.
5. “O CORVO AMARELO” (Kiiroi Karasu), de Heinosuke Gosho – Japão – 260 pontos.
6. “OBSESSÃO DE MATAR” (War Hunt), de Denis Saunders – EE. UU. – 230 pontos.
7. “OS INOCENTES” (The Innocents), de Jack Clayton, - Inglaterra – 190 pontos.
8. “PISTOLEIROS DO ENTARDECER” (Guns in the Afternoon), de Sam Peckinpah – EE. UU. – 140 pontos.
9. “AMANTES E ADOLESCENTES” (I Dolci Inganni), de Alberto Lattuada – Itália – 110 pontos.
10. “ A BELA AMERICANA” (La Belle Americane), de Robert Dhery – França – 90 pontos.
A publicação discrimina a votação de cada crítico e ao final, sob o título Os “10 mais”: análise, Acyr Castro (A. C.) faz uma avaliação sintética de cada um dos filmes escolhidos. Foi, assim, a primeira escolha dos melhores do cinema do ano feita pela recém-criada Associação Paraense de Críticos Cinematográficos (APCC). A reunião, em uma associação, dos críticos de cinema que militavam na imprensa de Belém em 1963 foi uma iniciativa de grande significado para a cultura cinematográfica no Pará e que, até hoje, quando vai entrar em seu cinquentenário, mantém-se como um marco histórico para ser comemorado no ano que vem. Reestruturada e revigorada recentemente, a associação mudou de nome, agora é Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), com ampliação de objetivos e campos de atuação, uma conseqüência natural da própria evolução do cinema com novos recursos tecnológicos e caminhos que permitem investidas mais abrangentes, mas que, como arte e cultura, mantém os princípios básicos essenciais que tornaram o cinema a Sétima Arte. No meio de integrados e apocalípticos, o Cinema vive. 

ESTREIAS DA SEMANA 
“Os Candidatos” com Will Farrel

PRÉ-ESTREIA 
“A Origem dos Guardiões”

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS 
 “Cosmopólis” de David Cronenberg (Cine Estação)
“Festival de Filmes Noir”(Cine Olympia)

AGENDA 
*Cineclube Alexandrino Moreira: Na programação de dezembro, com o apoio da ACCPA, serão exibidos “Contos da Lua Vaga” de K. Mizogucho (foto) (dia 03/12) e “O Sacrífico” de A. Tarkovski (Dia 10/12) às 19h com entrada franca e debate.
*Cine Olympia: Domingo (dia 25) encerra a mostra de filmes musicais com a exibição de “Godspell : A Esperança” (foto) que fez grande sucesso no cineclube da associação de críticos nos anos 70. O filme será exibido às 18:30 h com entrada franca. De 27/11 à 04/12, será exibida a mostra de filmes “noir” com filmes que até hoje influenciam vários cineastas como “Reliquia Macabra”, “Laura”, “Pacto de Sangue” e “Um Retrato de Mulher”.
*Cine Estação: Neste fim de ano, o Cine Estação das Docas exibe um conto visionário e alucinante, “Cosmópolis”, de David Cronemberg, com estreia no dia 9 de dezembro, domingo, em sessão matinal às 10h e sessões noturnas às 18h e 20h30.
*Cine Saraiva : Na parceria da Academia Paraense de Ciências e ACCPA, dia 29/11 às 17h será exibido "2001 : Uma Odisséia no Espaço" de Stanley Kubrick com entrada franca e debate após a exibição. Dia 06/12 será exibido o clássico “A Montanha dos Sete Abutres” com Kirk Douglas no elenco, com sessão às 19h e entrada franca com debate após a exibição.
*Cine Líbero Luxardo : A sessão Cult voltará com suas exibições normais a partir de dezembro com a exibição de “Antes do Amanhecer” e “Antes do Por-do-sol” com Julie Delpy e Ethan Hawke . Apoio : ACCPA

domingo, 18 de novembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 16 À 22/11/12

CINE TROPPO 
Marco Antonio Moreira 

CRITICA DE CINEMA EM BELÉM
Critica de filmes é uma forma de jornalismo advinda da França por volta da segunda década do século passado. Críticos como André Bazin, e através dele a revista Cahiers du Cinéma, passaram a analisar os filmes exibidos. A maioria não era cineasta, mas estudiosa da arte de fazer cinema.Nos anos 30 muitos jornais do mundo inteiro já possuíam colunas dedicadas a comentários de filmes. Em Belém surgiram críticos de ocasião, ou seja, comentaristas avulsos, publicando resenhas, a maioria elogiosa, sobre o que seria (ou iria ser) exibido em cinemas comerciais. Lembro que na estreia de “Branca de Neve e os 7 Anões” os artigos sobre o filme, elogiando a técnica de animação, ganharam páginas de diversos jornais especialmente de “Folha do Norte”. Por sinal que este matutino, dirigido por Paulo Maranhão, foi pioneiro numa coluna regular dedicada a cinema e teatro. Chamava-se “Palcos e Telas” e era redigida pelo bancário Theodoro Brazão e Silva.Em 1955, quando estava ativo o primeiro cineclube da cidade, “Os Espectadores”, um grupo de cinéfilos (na época ganhavam o titulo de “cinemaniacos”) passou a criticar filmes em “A Vanguarda” assinando com letras de seus nomes: A de Acyr Castro, R de Rafael Costa, T de Amilcar Tupiassu e S de Manoel WilSon Penna.Seria o grupo ARTS, polemico e de pouco tempo de vida por conta do protesto de um exibidor que se achava “maltratado” pelos textos. Em 1962 muitos jovens jornalistas escreviam comentários de filmes e ganhavam coluna e às vezes páginas inteiras dos jornais existentes na época: “Folha do Norte”, “A Província do Pará”, “A Vanguarda”, “Estado do Pará”, “Jornal do Dia” e “O Liberal”. Ficavam de fora “O Imparcial” e “Flash”. Os colunistas desses órgãos resolveram fundar uma associação. Surgiu a APCC (Associação Paraense de Críticos Cinematográficos). A primeira reunião, presidida por Edwaldo Martins (“A Província do Pará”) contou com a presença de Acyr Castro(“A Província...”), Rafael Costa(“Jornal do Dia”), Ariosto Pontes (Rádio Clube do Pará, exceção na imprensa falada),Paulo Macedo (“Folha do Norte”) e Alberto Queiroz(“O Liberal”). Anos depois entraram na diretoria Arnaldo Prado Jr , eu, Luzia Miranda Álvares e Alexandrino Moreira. O primeiro escrevia na Página do Estudante de “A Província...”, eu, que havia começado no “Estado do Pará”com meu vizinho Fernando Mendes (1954), passei pelo “O Liberal” e acabei substituindo Acyr em “A Província...”. Luzia estreou em “O Liberal”e Alexandrino, assinando AGM, no mesmo jornal aos domingos. Por sinal que o Acyr chegou a manter um programa de TV que chamou de Telecine. No Canal 2(TV Marajoara). A APCC ganhou um cineclube em 1967. Durou até 1986 quando surgiu o Cine Libero Luxardo. Mas isso é outra conversa. Agora basta dizer que a APCC manteve anualmente relações de melhores filmes exibidos durante o ano e já neste novo século passou a se chamar ACCPA (Associação de Críticos de Cinema do Pará). O segundo presidente da então APCC fui eu,o terceiro Luzia e agora é Marco Antonio Moreira Carvalho filho de Alexandrino. Creio que esta forma de jornalismo no Pará é digna de entusiasmo pelo seu tempo de ação. Claro que fora da orbita da APCC muitos giraram. No jornal católico “A Palavra”, por exemplo,estiveram Antonio Munhoz Lopes e Cláudio Barradas. E houve tempo de poetas: na “Folha...” dos anos 50 o piauiense Mário Faustino e no “O Liberal”dos 60/70 João de Jesus Paes Loureiro. Devo ter esquecido fatos e gente. Não esqueço é da regularidade das reuniões de fim de ano para escolha dos melhores. Gosto de confraternização natalina. Digna de virar tradição alimentada pela saudade de quem já hoje não pode mais se fazer presente.(Pedro Veriano)
TEMPO DE CINEMA E DE PAIXÃO
Minha presença na APCC deu-se no ano em que iniciei a escrever sobre cinema em “O Liberal”, 1972, ou seja, quando essa associação já completara 10 anos, sendo a maioria dos membros, meus conhecidos, e a presidência da entidade era assumida por Pedro Veriano. Nesse período tinhamos um objetivo : a formação de platéias através da ampla divulgação da programação do Cine Clube da entidade e na minha coluna, Panorama, sempre dediquei um espaço para o que eu intitulara de “Cinema Extra”. Pouco tempo depois, houve eleição e me candidatei à presidência e passei a dirigir a APCC, deixando o Cine Clube na gerência de PV. Nesse tempo eu era Representane Norte/Nordeste da Embrafilme com uma carga de trabalho significativa pois, ficava na minha responsabilidade a fiscalização da exibição de filmes , em especial, os nacionais, na região. Como presidente da Associação de críticos aluguei uma sala para a entidade, onde consegui organizar uma biblioteca, cursos de cinema além de projeções e debates. Ficava na Rua Manoel Barata próxima à Presidente Vargas. Lembro que em uma das aulas esteve conosco o diretor de “Macunaima”, Joaquim Pedro de Andrade, e o produtor do filme que ele iria realizar, Sr. César Mêmolo (que eu já conhecia). Foi um momento gratificante, pois eles trataram sobre o cinema novo, sobre o que pretendiam fazer em Belém(afinal o filme “O Homem do Pau Brasil” sobre Oswald de Andrade). As reuniões para a escolha dos melhores filmes do ano ocorriam (como continuam a acontecer) em minha casa. Edwaldo (Didi) Martins presidia as primeiras. Uma festa de confraternização natalina poucas vezes quebrada por polêmica (só lembro a que se fez em 1981, mas as desavenças não chegaram a macular a amizade dos associados).Hoje, com mudança na ordem das letras - agora é ACCPA – os críticos de cinema que de alguma forma atuam na imprensa local possuem entidade reconhecida e projeção nacional. Marco Antonio Moreira é o atual presidente e continua a paixão pelo cinema que tinha seu pai, Alexandrino Moreira. Esta paixão norteia reuniões e impulsiona nosso trabalho. Não fosse assim e eu estaria a mercê de tanto filme medíocre para tratar sobre o que é oferecido ao público. Afinal uma das funções básicas do/a critico/a. (Luzia Miranda Álvares)

ESTREIAS DA SEMANA 
“A Saga Crepúsculo – Amanhecer (Parte 2)

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS 

“Cosmopólis” de David Cronenberg (Cine Estação)
“Festival de Musicais e Filmes NOIR”(Cine Olympia)

AGENDA 
*Cineclube Alexandrino Moreira: Na programação de dezembro, com o apoio da ACCPA, serão exibidos “Contos da Lua Vaga” de K. Mizogucho (dia 03/12) e “O Sacrífico” de A. Tarkovski (Dia 10/12) às 19h com entrada franca e debate. .
*Cine Olympia: Domingo (dia 18) encerra a mostra de filmes mudos com a exibição do clássico “Nosferatu” de F. W. Muranu (à pedidos) às 18;30 h com entrada franca. De 20 à 25/11, será exibida a segunda parte de filmes musicais com os seguintes títulos e datas :Dia 20/11 - SETE NOIVAS PARA SETE IRMÃOS de Stanley Donen, Dia 21/11 - PAPAI PERNILONGO com Fred Astaire, Dia 22/11 -ESCOLA DE SEREIAS com Esther Williams, Dia 23/11 - AO BALANÇO DAS HORAS de Fred Sears, Dia 24/11 - BUGSY MALONE : QUANDO AS METRALHADORAS COSPEM com Jodie Foster e Dia 25/11 - GODSPELL : A ESPERANÇA.
*Cine Estação: Neste fim de ano, o Cine Estação das Docas exibe um conto visionário e alucinante, “Cosmópolis”, de David Cronemberg, com estreia no dia 9 de dezembro, domingo, em sessão matinal às 10h e sessões noturnas às 18h e 20h30.
*Cine SaraIva : Na parceria da ACCPA com a APC(Academia Paraense de Ciências) será exibido no dia 29/11 às 17h o grande clássico “2001: Uma Odisséia no Espaço” de Stanley Kubrick às 17h com debate após a exibição. Entrada Franca.
*Cine Líbero Luxardo : A sessão Cult voltará com suas exibições normais a partir de dezembro com a exibição de “Antes do Amanhecer” e “Antes do Por-do-sol” com Julie Delpy e Ethan Hawke . Apoio : ACCPA

sábado, 10 de novembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 09 À 15/11/12

CINE TROPPO 
Marco Antonio Moreira Carvalho 

Críticas
“Gonzaga: De Pai para Filho” de Breno Silveira. Normalmente as biografias adaptadas para o cinema sempre distorcem os fatos e os personagens com o objetivo de conquistar a platéia e/ou agradar um novo público que não conhece nada do biografado ou conhece muito pouco. No caso da vida do grande mestre Luiz Gonzaga, o diretor Breno Silveira não precisou interferir muito na história para fazer um bom filme porque a vida de Gonzaga já foi um extremo de dificuldades, amor, decepções, inexperiência, pesadelos e sonhos. Vejo que caberia aqui ao diretor apenas saber aproximar todo este carrossel de emoções de forma equilibrada, numa narrativa simples e sem exageros. E felizmente foi isto que aconteceu. Centrado na vida do homem Luiz Gonzaga, o filme é construído especialmente pelos conflitos de Gonzaga com seu filho, Gonzaguinha, mostrando o lado humano destes personagens reais que tem muito que haver com todos nós. Em cima desta simplicidade, Breno Silveira quase exagera em algumas cenas que poderiam transformar o filme num melodrama barato e apelativo mais no geral, seu filme é um belo registro da vida de dois brasileiros que marcaram a história da música e da cultura brasileira. “Gonzaga : De Pai para Filho” muitas vezes mostra enfim, um Brasil que parece perdido e desaparecido. Um Brasil de brasileiros que teimam em buscar seus sonhos. Um Brasil real, que nem sempre está na televisão e que por isso, nem sempre chama tanta atenção do grande público (em parte por isso é que o filme não vem tendo o sucesso de bilheteria que se esperava). Com uma produção de alto nível, bons atores, um trabalho de cenografia perfeito e um olhar de carinho e respeito com a história de Gonzaga e Gonzaguinha, o filme mantém o interesse até o fim, quando emociona e nos deixa absolutamente conquistados pelos exemplos de vida, acertos e erros destes dois personagens reais da vida brasileira que realmente merecem ser conhecidos pelo público, especialmente o público brasileiro que teima em dizer que o cinema nacional só pode existir com comédias de baixo nível que conseguem vender milhões de ingressos mais que são esquecidas já na saída do cinema.
“007 : Skyfall” de Sam Mendes. O personagem 007 já influenciou várias produções do gênero aventura, desde seu primeiro filme realizado nos anos 60 mais o desafio dos últimos anos é atualizar o personagem e conectá-lo com o novo público, que hoje é quase que totalmente plugado na vida virtual da internet. Os produtores demonstraram falta de criatividade nos últimos filmes protagonizados pelo ator Daniel Craig, mas desta vez sob a direção de Sam Mendes (diretor de “Beleza Americana” e “Estrada para Perdição) temos uma aproximação com sua história pessoal que vai revelar suas origens e as razões de sua dedicação ao serviço secreto britânico. Além disso, outros personagens surgem humanizados e vulneráveis ao poder e ao tempo. Num roteiro que procura equilibrar estse fatos com as tradicionais cenas de ação do personagem, “Skyfall” acaba sendo mais interessante que os últimos filmes da série. É claro que todos os absurdos de sempre surgem a cada cena de ação exagerada mas pelo menos, breves momentos de criatividade e bons diálogos surgem entre um tiro e outro. Javier Bardem como vilão convence mas é Judi Dench que se destaca em todas as cenas do filme. Afinal, uma grande atriz como ela raramente deixa de fazer o melhor independente do roteiro que recebe. Para alguns, “Skyfall” pode não ser o filme ideal para comemorar os 50 anos de James Bond mas pela direção de Mendes, podemos observar que o agente secreto mais famoso do cinema ainda pode ser interessante.
“A Fraternidade é Vermelha” de K. Kieslowski. Como fã de Kieslowski, costumo dizer que a Trilogia das Cores é um dos grandes momentos da história do cinema. Raras vezes vi no cinema um diretor ser tão objetivo e claro nas suas convicções sobre o cinema e sobre a vida. Nos filmes da trilogia (A Liberdade é Azul/A Igualdade é Branca/A Fraternidade é Vermelha) vemos o diretor nos envolver com temas como amor, morte, perdão, compaixão, justiça, igualdade, liberdade e fraternidade, ao mesmo tempo em que nos questiona sobre os nossos conceitos sobre cada um destes temas. Todos os filmes da trilogia são excelentes e com “A Fraternidade é Vermelha”, ele atingiu seu ápice, realizando um filme totalmente emocionante, especial, humano e que nos acompanha para sempre, especialmente àqueles que enxergam o potencial do cinema como uma arte em busca de respostas. Depois de ser exibido em Belém nos anos 90, o filme volta ao Cineclube Alexandrino Moreira, na segunda (dia 12/11) às 19 h e certamente vai gerar um grande debate com o público presente e críticos da ACCPA. Não perca !

ESTREIAS DA SEMANA
“Argo” de Ben Afleck., “Marcados para Morrer” com Jake Gyllenhaal e “Peixenauta – Agente Secreto da O.S.T.R.A”(animação)

EXIBIÇÃO ESPECIAL 
No dia 13/11, a Cinépolis exibirá a apresentação única da banda “Coldplay – Live 2012”. A produção documenta a turnê “Mylo Xyloto” ao redor do mundo que inclui imagens ao vivo de shows da banda em Paris, Canadá e no festival de Glastonbury.,

PRÉ-ESTREIA 
“A Saga Crepúsculo – AMANHECER (parte 2) (dia 15/11 às 00:01h)

AGENDA 
 *Cineclube Alexandrino Moreira: “A Trilogia das Cores” do diretor K. Kielowski continua em destaque depois da exibição de “A Liberdade é Azul” e “A Igualdade é Branca”. Segunda, dia 12/11 será exibido “A Fraternidade é Vermelha” com sessão às 19 h, entrada franca e debate com críticos da ACCPA .
*Cine Olympia: Domingo (dia 11) encerra a mostra do diretor Alfred Hitchcock com “Trama Macabra”. Realizado em 1976, foi o último trabalho deste genial diretor de cinema. O filme será exibido às 18:30 h com entrada franca. A partir do dia 13/11, inicia a segunda parte do festival de filmes mudos com a exibição de clássicos como A PAIXÃO DE JOANA D´ARC (Carl Dreyer), A GREVE (Eisenstein) (1924), DIÁRIO DE UMA GAROTA PERDIDA de G.W.Pabst (1929) com Louise Brooks e O HOMEM QUE RI de Paul Leni (1929). Todos os filmes serão exibidos às 18:30 h com entrada franca.
*Cine Estação: “Deus da Carnificina” de Roman Polansky está em exibição No elenco, Jodie Foster. O filme ainda será exibido nas seguintes datas e horários: Dia 16 às 18h e 20h30 e dia 17 às 18h e 20h30.
*Cineclube da Casa da Linguagem: Em parceria com a ACCPA, dia 12/11 acontecerá a exibição da segunda parte do filme “O Boulevard do Crime” de Marcel Carné às 18h com entrada franca.
*Cine Sesc Boulevard : Dia 14/11, acontecerá a exibição de “Vincere” de Marco Bellochio, sobre a juventude do ditador Benedito Mussolini. Exibição com entrada franca a partir das 19 h . Apoio : ACCPA

sábado, 3 de novembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 02 À 08/11/12

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho

INDICAÇÕES/DVD
“BUNNY LAKE ESTÁ DESAPARECIDA” (1965) de: Otto Preminger. Com Laurence Olivier, Keir Dullea, Carol Lynley. Mulher se muda para Londres e logo no primeiro dia entra em desespero, quando não encontra sua filha na saída da escola. Porém, ninguém lembra de ter visto a garota e, não há qualquer prova de que ela realmente exista. Os investigadores começam a desconfiar que seja alucinação da mulher. Suspense primoroso dirigido pelo mestre Preminger (Anatomia de um Crime/Tempestade sobre Washington).Cotação : Excelente.
“TRABALHAR CANSA” (2011) de Juliana Rosas e Marco Dutra. A jovem dona de casa resolve comprar um imóvel para abrir um mercadinho e tentar aumentar a renda familiar. Apesar de o local necessitar de algumas reformas e ajustes, o plano parece bom. Porém, tudo desanda quando seu marido perde o emprego. A partir daí, a relação entre a família sofre uma inversão inesperada. Filme atípico do cinema nacional construído numa narrativa que mistura realismo, surrealismo e muito mais. Cotação: Muito Bom.
“ISTO NÃO É UM FILME” (2011) de Jafar Panahi. Em dezembro de 2010 o mais consagrado diretor iraniano Jafar Panahi foi sentenciado a seis anos de prisão pelo governo de seu país acusado de ser "conivente com a intenção de cometer crimes contra a segurança nacional do país". Além dos seis anos de prisão o diretor está proibido de dirigir filmes e escrever roteiros por 20 anos além de falar com a mídia e viajar para o exterior. Preso e privado de suas liberdades como artista, o filme é uma tentativa do diretor em narrar um de seus inúmeros roteiros censurados pelo governo. Excelente trabalho que mostra a força do cinema como liberdade de expressão. Cotação: Excelente.
“PARA POUCOS” (2011) de Antony Cordier. Dois casais se encontram e acabam despertando sentimentos de paixão e sexo entre si. Atraídos uns aos outros, eles vivem intensamente esta atração mais depois se perdem na dúvida entre o desejo e a rotina, o limite e a liberdade, criando questionamentos e respostas para suas vidas a partir deste encontro. Interessante filme francês que infelizmente ficou inédito em nossos cinemas. Cotação: Muito Bom.
“ALMAS SEM PUDOR”(1950) de Nicholas Ray. Com Joan Fontaine. Uma jovem fria, calculista e manipuladora que é capaz de tudo para conseguir o que quer, procura se envolver com um homem rico, mesmo que para isso tenha que passar por cima até de quem procura lhe ajudar. Joan Fontaine (de “Rebecca” e “Suspeita” de Hitchcock) está excelente e bela no papel principal em mais um filme de qualidade do grande diretor Nicholas Ray(Juventude Transviada). Cotação: Muito Bom.

ESTREIAS DA SEMANA
“Frankenweenie“ de Tim Burton, “Deus da Carnificina” de Roman Polanski, “Magic Mike” de Steven Sondenbergh, “O Mar Não Está Para Peixe 2: Tubarões à Vista!”(animação) e “Possessão” de Ole Bornedal.

AGENDA 
*Cineclube Alexandrino Moreira: “A Trilogia das Cores” do diretor K. Kielowsky continua em destaque depois da exibição de “A Liberdade é Azul”. Dias 05 e 12/11 serão exibidos “A Igualdade é Branca” e “A Fraternidade é Vermelha” com sessão às 19 h, entrada franca e debate com críticos da ACCPA .
*Cine Olympia: Dentro da mostra ALFRED HITCHCOCK, será exibido neste domingo o clássico “Psicose” (1960) com Anthony Perkins, um clássico eterno do cinema. A mostra de filmes de Hitchcock vai continuar na próxima semana com os seguintes títulos: “Intriga Internacional”(dia 06), “Festim Diabólico”(dia 07), “Pacto Sinistro”(dia 08), “Disque M para Matar”(Dia 09), “Frenesi”(dia 10) e “Trama Macabra”(Dia 11). Todos os filmes serão exibidos às 18:30 h com entrada franca.
*Cine Estação: “Deus da Carnificina” de Roman Polansky está em exibição desde o dia 01/11. O filme acompanha a história de dois casais que se encontram depois de seus filhos se envolverem em uma briga na escola. O encontro é um desastre, mas serve para dar início a uma análise conjugal dos casais e um estudo cínico sobre conceitos como educação e civilidade. No elenco, Jodie Foster e Kate Winslet. O filme ainda será exibido nas seguintes datas e horários: Dia 4 às 10h, 18h e 20h30, Dia 16 às 18h e 20h30 e dia 17 às 18h e 20h30.
*Cineclube da Casa da Linguagem: Em parceria com a ACCPA, nos dias 06 e 12/11 acontecerá a exibição em duas sessões do clássico “O Boulevard do Crime” de Marcel Carné às 18h com entrada franca.

Coluna Cineclube - Dia 29/01/23