domingo, 30 de setembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 28/09 À 04/10/12


CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho

" Diário do Festival de Brasília 2012" – Parte 2
Acompanhando a 45ª Edição do Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro, publico matérias produzidas e editadas sobre o festival e publicadas no portal ORM:
1)No terceiro dia de exibição dos filmes da mostra competitiva, os destaques foram o curta "A Mão que Afaga" de Gabriela Amaral Almeida e o longa "Boa Sorte Meu Amor". "A Mão que Afaga" mostra a história de uma mulher que trabalha no telemarketing e mora sozinha com o filho. Sozinha, solitária, pretende fazer uma festa de aniversário para o filho fazendo todo o esforço possível. Mas a sua habilidade de se comunicar com as pessoas fica cada vez mais difícil, ao contrário do seu trabalho e talvez por causa dele. "Eu falo com quase mil pessoas por dia" diz ela num momento do filme, mas ela não sabe se relacionar. Na festa, somente uma mãe e sua filha comparecem e o clima de angústia de solidão é latente. Bem dirigido, simples, com poucos diálogos, o curta emociona. Já "Boa Sorte Meu Amor" confirma a qualidade do cinema pernambucano com uma história de amor, encontro, desencontro e busca de identidade que ao mesmo tempo é extremamente regional e universal. Um homem de 30 anos de origem aristocrática do sertão pernambucano tenta esquecer as origens de sua familia e acaba se apaixonando por uma estudante de música de outra geração que tem uma outra visão sobre as relações sociais e de poder em que eles vivem. E esta diferença, provoca uma necessidade de mudança deste personagem que vai entrar em colisão com sua apatia e indiferença diante do mundo e das pessoas. Bela história dirigida com maestria por Daniel Aragão que criou cenas emocionantes e que revelam um olhar diferenciado de um diretor que é uma revelação. Realizado em preto e branco, o filme claramente tem influências do cinema novo e mesmo do cinema europeu, com longas tomadas, "closes" e utilização da trilha sonora de forma inteligente e sensível. Aplaudido no final da sessão, "Boa Noite Meu Amor" é surpreende e é um dos favoritos ao prêmio de melhor filme do festival.Outro destaque do dia foi o seminário sobre o crítico Paulo Emilio Salles que teve entre os convidados o crítico e professor de cinema Ismail Xavier que fez uma brilhante apresentação.
2)No penúltimo dia da mostra competitiva da 45ª Edição do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, os destaques foram o documentário "Olho Nu" (foto) sobre a vida do cantor Ney Matogrosso e o longa "Noite de Reis" de Vinicius Reis. "Olho Nu" procura fazer um levantamento histórico sobre a carreira de Ney Matogrosso, revelando sua vida pessoal e musical, suas influências, sua importância dentro da música brasileira e também sua importância na quebra de preconceitos especialmente nos anos 70. Ney é um artista de personalidade forte e é ele que narra todo o filme, misturando cenas de época com momentos mais recentes da sua carreira e especialmente sua relação com a natureza. O documentário tem momentos raros como uma das primeiras apresentações do grupo "Secos e Molhados" em 1973. Para quem é fã do cantor ou quer conhecer sua obra e personalidade, "Olho Nu" cumpre bem sua função.Já "Noite de Reis" relata um drama familiar sobre a perda de um filho e suas consequência para a esposa, marido e irmã. Realizado sem concessões comerciais, o filme aposta nos diálogos de forma direta e muitas vezes consegue bons momentos de cinema. Mas o desenvolvimento da história acaba sendo previsível demais, não conseguindo manter o interesse até o final. Bem produzido, com ótima fotografia e elenco muito bem dirigido, "Noite de Reis" é um caso raro de filme dramático que merece ser visto, mesmo que não se realize totalmente. Afinal, várias histórias devem ser contadas e esta variedade é importante dentro do atual panorama do cinema brasileiro. Outro destaque da noite de sábado, dia 22/09, foi a exibição do curta "A Ditadura da Especulação" de Zé Furtado que denuncia a exploração imobiliária de um um bairro em Brasília. O curta é realizado em forma de reportagem e denuncia vários orgãos oficiais. Antes da exibição, quase 50 pessoas subiram ao palco para ler uma carta protesto contra todos os envolvidos nesta exploração. Ao final do protesto e do curta, vários aplausos do público.
3)No último dia de exibições das mostras competitivas da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os destaques foram o documentário "Elena" de Petra Costa e "Esse Amor que nos Consome" de Allan Ribeiro. "Elena" é um filme construído pela emoção.. A diretora Petra Costa mergulha nas suas memórias e procura reencontrar sua irmã Elena que aos 21 anos cometeu suícidio. Petra tinha 07 anos quando a irmã morreu e ambas tinham um relacionamento amoroso intenso. No filme, de forma lírica e poética, a diretora procura reencontrar com todas as memórias possíveis resgatando gravações em aúdio e vídeo da irmã, buscando respostas para sua saudade e para o vazio que a ausência de Elena deixou na sua família e para si própria. O filme é emoção pura, da a narração da diretora, relatando seus sentimentos, passando pela montagem simples que revela ao espectador quem é Elena e como ela era vista pela mãe, irmã, amigos e chegando ao momento decisivo do que fazer com esta dor e este vazio. Vejo que ao realizar "Elena", Petra Costa usou a arte para entender a sua dor. Uma dor que não passará nunca mas que pode ser controlada a partir da expressão, da confirmação, da interpretação do que foi Elena e de que forma isso pode ajudar a se seguir em frente, a valorizar o que ela deixou de bom, de intenso, de infinito. Vejo em "Elena" um filme que não tem medo de ser emotivo. É pura emoção, sim. Sem apelos, exageros, dramas vazios. É a vida como ela é e como isto pode afetar a vida das pessoas. Surpreendente, "Elena" é uma das grandes surpresas do festival."Esse Amor que nos Consome" é o primeiro longa metragem de Allan Ribeiro que já dirigiu ótimos curtas premiados (como "O Brilho dos seus Olhos"). A história do filme, que mistura ficção e documentário, nasce a partir da ocupação de um casarão no Rio de Janeiro por um grupo de dança, a Companhia Rubens Barbot, um dos mais antigos grupos afro-brasileiros da dança contemporânea. Allan Ribeiro mostra como u casal e o grupo de dança ocuparam o casarão que estava abandonado e à venda mais que ganhou vida com a chegada a companhia conquistando até o dono do imóvel que permitiu que eles usassem o espaço até que seja vendido. Singelo, poético, evidenciando imagens do grupo de dança e da casa, Allan fez um poema cinematográfico à liberdade, à dança, ao amor. *Confira no meu blog ODISSÉIA a relação completa dos premiados do Festival de Brasília 2012.

ESTREÍAS DA SEMANA
 “Bibi, Histórias e Canções” (acompanhada por uma orquestra com 21 músicos, Bibi Ferreira mostra sua força dramática com uma interpretação única aliada a um variado repertório brasileiro e estrangeiro). “Looper – Assassinos do Futuro”
PRÉ-ESTREIA “Hotel Transilvânia”

AGENDA *Cineclube Alexandrino Moreira : Dia 08/10, será exibido o clássico japonês “Os Amantes Crucificados” de Keinji Mizoguchi às 19 h com entrada franca.
*Cine Olympia: Depois de ter paralisado sua atividades por motivos técnicos, o nosso cinema centenário volta a exibir o Festival de Filmes de Terror que fez sucesso durante o mês de julho. O festival agora tem novas datas com a inclusão de mais títulos, Hoje será exibido “Carrie, A Estranha” de Brian de Palma (1976) às 18:30 h com entrada franca.. O festival de terror continua até o dia 07/10. Confira a programação desta última semana do festival: Dia 02/10 - "A BOLHA"(1958) com Steve McQueen, Dia 03/10 - "OS INOCENTES"(1961) de Jack Clayton, Dia 04/10 - "UMA NOITE ALUCINANTE"(1982) de Sam Raimi, Dia 05/10 - " O ENIGMA DE OUTRO MUNDO"(1982) de John Carpenter, Dia 06/10 - "O EXORCISTA"(1974) de William Friedkin e Dia 07/10 - "O ILUMINADO" (1980) de Stanley Kubrick. *Cine Líbero Luxardo: Para uma reforma geral de suas instalações, o cinema está sem atividades com previsão de retorno normal até o fim do ano.
*Cine Estação: Hoje é o último dia da quarta edição do festival Amazônia Doc com a exibição dos premiados pelo júri da ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará).Em Outubro, está confirmado o lançamento de “Fausto” A. Sokurov..
*Cine Saraiva : Dia 04/10, em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Iracema : Uma Transa Amazônica” de Jorge Bodansky e Orlando Senna às 19h com entrada franca e debate.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012 - COBERTURA FINAL


FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012 - 45º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
Na noite de premiação da 45 ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, dia 24/09, ficou comprovada a força do cinema pernambucano, especialmente com o empate do prêmio do júri oficial para melhor filme que ficou entre “Era uma Vez Eu, Verônica” de Marcelo Gomes e “Eles Voltam” de Marcelo Lordello, duas produções de alto nível de Pernambuco. Os filmes mais premiados acabaram sendo os trabalhos de Marcelo Gomes e Marcelo Lordello. A grande surpresa da noite foi a premiação de melhor atriz para a adolescente Maria Luiza Tavares pelo filme “Eles Voltam” já que a grande favorita era Hermilla Guedes por “Era Uma Vez Eu, Verônica”. Já o prêmio da crítica, feito por membros da ABRACCINE (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema), foi dado para o longa “Eles Voltam” e o curta “A Mão que Afaga” de Gabriela Amaral Almeida. Como em todos festivais, muita polêmica em alguns prêmios, injustiças e indicações estranhas como a menção honrosa à participação do ator Carlo Mossy no filme “Boa Sorte Meu Amor”. Mas acima de qualquer opinião, esta edição do festival confirmou a evolução das produções brasileiras e também revelou uma crise criativa entre as produções em curta-metragens que há tempos não surpreendem nem o público nem a crítica. Com os excelentes seminários e debates, mostra competitiva entre outras atividades, o Festival de Brasília mostrou novamente sua importância dentro do panorama do cinema brasileiro, indicando que as próximas edições serão melhores.
Confira abaixo a relação completa de todos os prêmios do festival.
*Marco Antonio Moreira, direto da 45 ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro Prêmios 

PRÊMIOS DO JÚRI OFICIAL
LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO
 Melhor filme - R$ 250 mil “Eles voltam”, de Marcelo Lordello e “Era uma vez eu, Verônica”, de Marcelo Gomes Melhor direção - R$ 20 mil Daniel Aragão (Boa sorte, meu amor) Melhor ator - R$ 5 mil Enrique Diaz (Noites de Reis) Melhor atriz - R$ 5 mil Maria Luiza Tavares (Eles voltam) Melhor ator coadjuvante - R$ 3 mil W. J. Solha (Era uma vez eu, Verônica) Melhor atriz coadjuvante - R$ 3 mil Elayne Moura (Eles voltam) Melhor roteiro - R$ 5 mil Marcelo Gomes (Era uma vez eu, Verônica) Melhor fotografia - R$ 5 mil Mauro Pinheiro Jr. (Era uma vez eu, Verônica) Melhor direção de arte - R$ 5 mil Gatto Larsen e Rubens Bardot (Esse amor que nos consome) Melhor trilha sonora - R$ 5 mil Karina Buhr e Tomaz Alves Souza (Era uma vez eu, Verônica) Melhor som - R$ 5 mil Guga S. Rocha, Phelipe Cabeça, Pablo Lopes (Boa sorte, meu amor) Melhor montagem - R$ 5 mil Ricardo Pretti (Esse amor que nos consome)
Menção Especial do Júri A menção especial do júri é dedicada a um artista múltiplo. Um ator que dirige, escreve e produz. Um ator que entrou para o imaginário do audiovisual brasileiro como ícone de um tipo de cinema que fazia humor sem o preservativo da hipocrisia e da caretice: Carlo Mossy, integrante do elenco de “Boa sorte, meu amor”. 
CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO
Melhor filme - R$ 20 mil Vestido de Laerte, de Claudia Priscilla e Pedro Marques Melhor direção - R$ 5 mil Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão (Eu nunca deveria ter voltado) Melhor ator - R$ 3 mil Everaldo Pontes (Eu nunca deveria ter voltado) Melhor atriz - R$ 3 mil Luciana Paes (A mão que afaga) Melhor roteiro - R$ 3 mil Gabriela Amaral Almeida (A mão que afaga) Melhor fotografia - R$ 3 mil Pedro Sotero Melhor direção de arte – R$ 3 mil Fernanda Benner (Vestido de Laerte) Melhor trilha sonora - R$ 3 mil Pedro Gracindo e Victor Lourenço (Eu nunca deveria ter voltado) Melhor som - R$ 3 mil Felippe Schultz Mussel e Rodrigo Maia (Eu nunca deveria ter voltado) Melhor montagem - R$ 3 mil Marco Dutra (A mão que afaga)

CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO 
Melhor filme - R$ 20 mil Valquíria, de Luiz Henrique Marques

LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Melhor filme - R$100 mil Otto, de Cao Guimarães Melhor direção - R$ 20 mil Petra Costa (Elena) Prêmio Especial do Júri Um Filme para Dirceu, de Ana Johann Melhor fotografia - R$ 5 mil Cao Guimarães e Florencia Martínez (Otto) Melhor direção de arte - R$ 5 mil Filme “Elena” Melhor trilha sonora - R$ 5 mil O Grivo (Otto) Melhor som - R$ R$ 5 mil O Grivo (Otto) Melhor montagem - R$ 5 mil: Marília Moraes e Tina Baz (Elena)

CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Melhor filme - R$ 20 mil A Guerra dos Gibis, de Thiago Brandimarte Mendonça e Rafael Terpins Melhor direção - R$ 5 mil Liliana Sulzbach (A Cidade) Melhor fotografia - R$ 3 mil Francisco Alemão Ribeiro (A Cidade) Melhor direção de arte - R$ 3 mil Natália Vaz (A Guerra dos Gibis) Melhor trilha sonora - R$ 3 mil BID (A Guerra dos Gibis) Melhor som - R$ 3 mil Cléber Neutzling (A Cidade) Melhor montagem - R$ 3 mil Eduardo Serrano (A Onda Trás, o Vento Leva)
PRÊMIO DO JÚRI POPULAR
Melhor longa-metragem de ficção - R$ 20 mil Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes Melhor longa-metragem documentário - R$ 15 mil Elena, de Petra Costa Melhor curta-metragem de ficção - R$ 10 mil A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida Melhor curta-metragem documentário - R$ 10 mil A ditadura da especulação, de Zé Furtado Melhor curta-metragem de Animação - R$ 10 mil O Gigante, de Luís da Matta Almeida

TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - JÚRI OFICIAL
Melhor longa-metragem: R$ 80 mil Parece que existo, de Mario Salimon Melhor curta-metragem: R$ 30 mil Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva Melhor direção: R$ 6 mil Fáuston da Silva (Meu amigo Nietzsche) Melhor ator: R$ 6 mil Bruno Torres (Sagrado coração) Melhor atriz: R$ 6 mil Gleide Firmino (A caroneira) Melhor roteiro: R$ 6 mil Fáuston da Silva e Tatianne da Silva (Meu amigo Nietzsche) Melhor fotografia: R$ 6 mil Vagner Jabour (Vida kalunga) Melhor montagem: R$ 6 mil Edson Fogaça (A jangada de raiz) Melhor direção de arte: R$ 6 mil Andrey Hermuche (A caroneira) Melhor edição de som: R$ 6 mil Dirceu Lustosa (Vida kalunga) Melhor captação de som direto: R$ 6 mil José Pennington (Zé do pedal) Melhor trilha sonora: R$ 6 mil Cláudio Macdowell (Parece que existo)

TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - JÚRI POPULAR 
Melhor longa-metragem: R$ 20 mil Sob o signo da poesia, de Neto Borges Melhor curta-metragem: R$ 10 mil Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva

PRÊMIO AQUISIÇÃO CANAL BRASIL
O melhor curta de ficção ou animação em competição, selecionado pelo júri Canal Brasil, recebe o prêmio de aquisição no valor de 15 mil reais. O Prêmio Aquisição Canal Brasil tem como objetivo estimular a nova geração de cineastas, contemplando os vencedores na categoria curta-metragem dos mais representativos festivais de cinema do país. Um júri convidado pelo Canal Brasil e composto por críticos e jornalistas especializados em cinema escolhe o melhor curta em competição, que recebe o troféu Canal Brasil e um prêmio no valor de R$ 15 mil. Além disso, o Canal Brasil exibe o curta vencedor em sua grade de programação e no site do canal (www.canalbrasil.com.br), que no final do ano concorre ao Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas-Metragens, no valor de R$ 50 mil. Júri: Ismaelino Pinto, Marcos Petrucelli, Daniel Schenker, Marcos, Rodrigo Fonseca, Cid Nader e Michel Toronaga. Filme: A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida

PREMIO DA CRÍTICA – JÚRI ABRACCINE
O júri formado por membros da Associação Brasileira de Críticos de Cinema optou por escolher apenas um longa e um curta-metragem, sem distinção de gêneros. O júri foi formado por Daniel Schenker (do Rio de Janeiro), Marcelo Miranda (de Minas Gerais), Yale Gontijo e Guilherme Lobão (do Distrito Federal), Sérgio Rizzo (de São Paulo), Fatimarlei Lunardelli (do Rio Grande do Sul) e Marco Antônio Moreira (do Pará).
Melhor Curta-metragem - Troféu Candango Pelo rigor estético na construção de uma atmosfera de estranhamento, pela dramaturgia precisa e pela sensibilidade no enfoque da solidão, o troféu Abraccine vai para... “A mão que afaga”, de Gabriela Amaral Almeida (SP)
Melhor Longa-metragem - Troféu Candango Pela habilidade em tornar expressivos os recursos estéticos na abordagem do amadurecimento de uma adolescente que entra em contato com um universo contrastante ao seu, o troféu Abraccine vai para... “Eles voltam”, de Marcelo Lordello (PE)

PRÊMIO MARCO ANTÔNIO GUIMARÃES Troféu Candango - Conferido pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro para o filme que melhor utilizar material de pesquisa cinematográfica brasileira Filme: “Olho nu”, de Joel Pizzini

PRÊMIO CONTERRÂNEOS Troféu oferecido pela Fundação CineMemória Melhor Documentário do Festival Entorno da Beleza, de Dácia Ibiapina

PRÊMIO ABCV - Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo Conferido pela ABCV – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo a profissionais do audiovisual do Distrito Federal Homenagem a Carlos Del Pino e Gustavo Miguel Fazer cinema no Brasil é uma aventura. Mas isso seria ainda mais difícil se não existissem pessoas como Carlos Del Pino e Gustavo Miguel. Cada um, em seu tempo, garantiu a infraestrutura necessária para que muitas histórias saíssem do papel.

PRÊMIO TROFÉU SARUÊ Conferido pela equipe de cultura do jornal Correio Braziliense. Enquanto diversos programas de entretenimento se debruçam sobre o cotidiano braçal de empregadas domésticas, num plano rendido ao glamour e ao consumo fácil, uma visão diferenciada — plural e construída na união — se estabeleceu neste festival. Montando uma carga emocional única — aflorada em meio ao desgastante e pouco valorizado cotidiano de trabalho —, tanto a ilimitada entrega de intimidade, quanto o criativo processo fílmico saltam aos olhos em Doméstica. A equipe do Correio Braziliense atribui, portanto, o prêmio aos personagens — domésticas e realizadores — que compuseram o documentário de Gabriel Mascaro.
 PRÊMIO VAGALUME Troféu conferido por integrantes do projeto Cinema para Cegos Melhor longa-metragem Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes Melhor curta-metragem A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012



No último dia de exibições das mostras competitivas da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os destaques foram o documentário "Elena"(foto) de Petra Costa e "Esse Amor que nos Consome" de Allan Ribeiro. "Elena" é um filme construído pela emoção.. A diretora Petra Costa mergulha nas suas memórias e procura reencontrar sua irmã Elena que aos 21 anos cometeu suícidio. Petra tinha 07 anos quando a irmã morreu e ambas tinham um relacionamento amoroso intenso. No filme, de forma lírica e poética, a diretora procura reencontrar com todas as memórias possíveis resgatando gravações em aúdio e vídeo da irmã, buscando respostas para sua saudade e para o vazio que a ausência de Elena deixou na sua família e para si própria. O filme é emoção pura, da a narração da diretora, relatando seus sentimentos, passando pela montagem simples que revela ao espectador quem é Elena e como ela era vista pela mãe, irmã, amigos e chegando ao momento decisivo do que fazer com esta dor e este vazio. Vejo que ao realizar "Elena", Petra Costa usou a arte para entender a sua dor. Uma dor que não passará nunca mas que pode ser controlada a partir da expressão, da confirmação, da interpretação do que foi Elena e de que forma isso pode ajudar a se seguir em frente, a valorizar o que ela deixou de bom, de intenso, de infinito. Vejo em "Elena" um filme que não tem medo de ser emotivo. É pura emoção, sim. Sem apelos, exageros, dramas vazios. É a vida como ela é e como isto pode afetar a vida das pessoas. Surpreendente, "Elena" é uma das grandes surpresas do festival.
"Esse Amor que nos Consome" é o primeiro longa metragem de Allan Ribeiro que já dirigiu ótimos curtas premiados (como "O Brilho dos seus Olhos"). A história do filme, que mistura ficção e documentário, nasce a partir da ocupação de um casarão no Rio de Janeiro por um grupo de dança, a Companhia Rubens Barbot, um dos mais antigos grupos afro-brasileiros da dança contemporânea. Allan Ribeiro mostra como u casal e o grupo de dança ocuparam o casarão que estava abandonado e à venda mas que ganhou vida com a chegada a companhia conquistando até o dono do imóvel que permitiu que eles usassem o espaço até que seja vendido. Singelo, poético, evidenciando imagens do grupo de dança e da casa, Allan fez um poema cinematográfico à liberdade, à dança, ao amor. 
Hoje, dia 24/09, acontecerá a entrega de prêmios aos melhores do festival com os indicados do júri oficial, júri da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e júri do Canal Brasil. Será uma bela noite onde certamente poderemos celebrar a evolução do cinema brasileiro, encontrando novos caminhos para a melhoria da sua qualidade e penetração junto ao público.

*Marco Antonio Moreira, direto da 45ª edição do Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro.

domingo, 23 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012


No penúltimo dia da mostra competitiva da 45ª Edição do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, os destaques foram o documentário "Olho Nu" sobre a vida do cantor Ney Matogrosso e o longa "Noite de Reis" de Vinicius Reis. "Olho Nu" procura fazer um levantamento histórico sobre a carreira de Ney Matogrosso, revelando sua vida pessoal e musical, suas influências, sua importância dentro da música brasileira e também sua importância na quebra de preconceitos especialmente nos anos 70. Ney é um artista de personalidade forte e é ele que narra todo o filme, misturando cenas de época com momentos mais recentes da sua carreira e especialmente sua relação com a natureza. O documentário tem momentos raros como uma das primeiras apresentações do grupo "Secos e Molhados" em 1973. Para quem é fã do cantor ou quer conhecer sua obra e personalidade, "Olho Nu" cumpre bem sua função.
Já "Noite de Reis" relata um drama familiar sobre a perda de um filho e suas consequência para a esposa, marido e irmã. Realizado sem concessões comerciais, o filme aposta nos diálogos de forma direta e muitas vezes consegue bons momentos de cinema. Mas o desenvolvimento da história acaba sendo previsível demais, não conseguindo manter o interesse até o final. Bem produzido, com ótima fotografia e elenco muito bem dirigido, "Noite de Reis" é um caso raro de filme dramático que merece ser visto, mesmo que não se realize totalmente. Afinal, várias histórias devem ser contadas e esta variedade é importante dentro do atual panorama do cinema brasileiro. 
Outro destaque da noite de sábado, dia 22/09, foi a exibição do curta "A Ditadura da Especulação" de Zé Furtado que denuncia a exploração imobiliária de um um bairro em Brasília. O curta é realizado em forma de reportagem e denuncia vários orgãos oficiais. Antes da exibição, quase 50 pessoas subiram ao palco para ler uma carta protesto contra todos os envolvidos nesta exploração. Ao final do protesto e do curta, vários aplausos do público.

Confira a programação do último dia da mostra competitiva, dia 23/09:
Mostra Competitiva - Documentário :
- "A Onda traz, o Vento Leva" de Gabriel Mascaro (24 minutos - PE)
- "Elena" de Petra Costa (82 minutos - SP/MG)

Mostra Competitiva - Animação e Ficção:
- "Destimação" de Ricardo de Podestá (13 minutos - GO)
- "Menino Peixe" de Eva Randolph (17 minutos - RJ)
- "Esse Amor que nos Consome" de Allan Ribeiro (80 minutos - RJ)

*Marco Antonio Moreira, direto da 45ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

CINE TROPPO - SEMANA DE 21 À 27/09/12

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho

"Diário do Festival de Brasília 2012"
Acompanhando a 45ª Edição do Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro, publico neste e no próximo domingo, minhas matérias produzidas e editadas sobre o festival e publicadas no portal ORM:
1) Com uma homenagem ao crítico de cinema Paulo Emílio Salles e a a apresentação da orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claúdio Santoro, começou dia 17/09 a 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A sala do Teatro Nacional estava completamente lotadas com várias pessoas ligadas ao cinema, teatro e televisão. Críticos de cinema de vários estados marcaram presença, a grande maioria filiada a ABRACCINE (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema) que vieram para acompanhar as mostras competitivas de longa e curta-metragem e também para participar dos seminários que vão debater sobre a critica de cinema feita no Brasil ontem e hoje, analisando também as influências do crítico Paulo Emilio Salles, que faleceu em 1977 e que foi um dos fundadores do festival de Brasília.Depois da apresentação da orquestra sinfônica, foi exibido o filme de abertura do festival (que não faz parte da mostra competitiva) chamado "A Última Estação" de Marco Cury, que procura fazer um resgate histórico da imigração libanesa no Brasil a partir de um personagem que é testemunha de várias mudanças no país durante várias décadas e que inicia uma busca pelo seu passado a partir do momento que fica doente.
2) Na terça,feira, dia 18, o destaque da noite foi para o longa metragem pernambucano "Eles Voltam" foto) de Marcelo Lordelo. É conhecido de todos do meio cinematográfico que o cinema pernambucano pulsa criatividade e inteligência nos últimos anos e aqui não foi diferente. O filme começa com um carro parando e deixando dois irmãos na estrada, sem maiores explicações.A partir desse acontecimento, os dois jovens ficam esperando a volta dos pais que não acontece. Os dois irmãos acabam se separando e a irmã acaba percorrendo a estrada sozinha procurando alguém que ajude. Essa trajetória de busca e sofrimento, é narrada de forma cadenciada, sem pressa ou malabarismos formais desnecessários. O diretor Marcelo Pedroso evidencia nos poucos diálogos, a expressão dos atores com enquadramentos próximo, quase "closes", sem utilização de música, criando uma atmosfera de solidão e dúvida pulsantes. A trajetória dessa jovem, que vai testemunhando diversas situações de solidariedade, dúvidas, mudanças e sofrimentos, vai lentamente mudando sua personalidade até um final que surpreende. "Eles Voltam" é um filme sobre esta busca de identidade e o que fazer quando se começa a encontrar o seu caminho, especialmente dentro de um núcleo familiar desgastado e falido, onde a comunicação e o sentimento mútuo desapareceram há muito tempo mas que pode ser resgatado, reerguido, transformado. Belo filme que desde já é um dos favoritos do festival.
3) No segundo dia da mostra competitiva, os destaques foram o documentário "Kátia" de Karla Holanda e "A Memória que me Contam" (foto) de Lúcia Murat. ."A Memória que me Contam" é um olhar amargo sobre a geração que lutou contra a ditadura militar e que hoje luta para entender e justificar tudo o que aconteceu neste período. A partir de morte eminente de um dos personagens, um grupo de amigos se reúne para tentar ajudá-la e acabam mostrando conflitos internos ainda muito presentes sobre tudo o que aconteceu na época quando lutaram contra a ditadura e sobre o real resultado destas ações. Inicialmente posso dizer que é um filme que procura dialogar com esta geração dos anos 60/70,ao mesmo tempo que tenta explicar para outras gerações quais foram os motivos desta luta. Procurando às vezes ser didática demais nos diálogos, Murat claramente mostra boas intenções no filme mas peca na construção da história que muitas vezes parece ser presa demais a uma época que passou e marcou a sua geração. Fazendo uma ligação deste período com os tempos modernos, de uma forma menos emocional, talvez ela tivesse dado um filme uma dimensão mais poética e menos tendenciosa e até mesmo menos maniqueísta sobre este período histórico do Brasil. De qualquer forma, Lúcia Murat volta ao tema depois de "Que Bom te Ver Viva" e "Uma Longa Viagem" e dá sua visão sobre um período importante da história do Brasil que ainda aguarda a realização de um grande filme.

ESTREÍAS DA SEMANA 
“Ted”, “O Segredo das Fadas” e “Um Homem Qualquer” (Nacional)
CONTINUAÇÕES (Destaques)
“Corações Sujos” de Vicente Amorim

AGENDA
*Cineclube da Casa da Linguagem: Neste mês, serão exibidos filmes do cineasta americano Nicholas Ray. Dia 25/09, exibição de “Alma sem Pudor”, produção de 1950 com Joan Fontaine no elenco . Sessão às 18h com entrada franca.
*Cine Olympia: Dentro da programação do fetival de Terror, hoje será exibido “O Enigma do Mal”(1982) com Barbara Hershey. Sessão às 18:30 h com entrada franca. Na próxima semana : Dia 25/09 - "O GATO DE 09 CAUDAS"(1971) de Dario Argento, Dia 26/09 - "A MALDIÇÃO DO SANGUE DA PANTERA"(1944) , Dia 27/09 - "O BEBÊ DE ROSEMARY" (1967), Dia 28/09 - "O ORFANATO"(2007), Dia 29/09 - "NOSFERATU : O VAMPIRO DA NOITE"(1979) de Werner Herzog e Dia 30/09 - "CARRIE : A ESTRANHA"(1976) de Brian de Palma.
*Cine Estação: Desde sexta-feira, está sendo exibido o festival Amazônia Doc. 4 dentro da mostra competitiva de longas e curtas metragens. Confira a programação de hoje (dia 22/09):19h e 30m:Pinball – Diretor: Ruy Veridiano, ,Céu, Inferno e Outras partes do corpo – Diretor: Rodrigo John - 20h: A Alegria – Diretores: Felipe Bragança e Marina Meliande.
*Cine Saraiva : Dia 27/09 será exibido o filme “Blade Runner” de Ridley Scott às 17h, na parceria da ACCPA com a APC (Academis Paraense de Ciências) com entrada franca e debate.

sábado, 22 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012



Conceitos de Paulo Emilio são revisitados na avaliação de crítica atual de cinema
A permanência – ou não – das ideias de Paulo Emilio no pensamento crítico contemporâneo motivou o último debate da série dedicada à reflexão do ideário do renomado ensaísta e historiador de cinema. Sob a mediação do jornalista e crítico de cinema José Geraldo Couto, a mesa reuniu, nesta sexta-feira, 21, os pesquisadores e críticos Fernão Ramos, Carlos Augusto Calil e Luiz Zanin Oricchio, que aproveitaram o seminário para iluminar e desdobrar alguns dos conceitos mais conhecidos e controvertidos de sua obra.
Para o cineasta, crítico e professor da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Augusto Calil, “é uma obra que ainda se revela, ainda não está completamente absorvida e sequer devidamente interpretada”. O ex-diretor da Embrafilme e da Cinemateca organizada por Paulo Emilio revisitou dois textos fundamentais –  Uma situação colonial (1960) e O cinema no século (1970) – para analisar o país daquela época e compreender o que persiste do ideário  paulemiliano na assimilação crítica do Brasil de hoje. “No primeiro ensaio, publicado no suplemento do jornal Estado de São Paulo, Paulo Emilio examinou a situação social brasileira a partir da tragédia da falência da Vera Cruz”. Segundo ele, “essa situação revelava a hostilidade que havia com a indústria nacional de cinema, já que o governo preferia subsidiar as produções estrangeiras em detrimento das nossas”, acrescentando que o cinema brasileiro da época não tinha autonomia nem condição alguma de competitividade e atestando que o cinema estrangeiro condicionava o nacional, introjetando-se na mentalidade de todos.
De acordo com Calil, esse ensaio constituiu a matriz do que veio a ser o mais emblemático dos seus escritos, justamente o texto Cinema: "Trajetória do Subdesenvolvimento", flagrando, já naquele momento, “o denominador comum entre mercado e estética, justamente a mediocridade, marca cruel do subdesenvolvimento”. O professor mostrou ainda como ali já estavam presentes também outras ideias centrais que irradiaram o pensamento paulemiliano, como a importância do público como fator a ser considerado pela crítica, além da “sua fé no poder da imaginação, já que ele, como crítico, dizia manter a esperança secreta de inventar certo”.
Ao comentar o segundo texto, “O cinema no século”, sublinhou que Paulo Emilio se valia de “artifícios estilísticos muito interessantes, usando a primeira pessoa, o que dá ao leitor uma sensação de proximidade”. No ensaio, aponta Calil, ao lançar a indagação de quando teria nascido o público cinematográfico, respondendo que surgira pobre e proletário, mesmo nos Estados Unidos. Segundo o crítico, o cinema é uma manifestação de passado já constituído, não tendo, portanto, ilusão quanto a seu “papel revolucionário”. Por fim, o professor avaliou que “hoje, além da revolução tecnológica avassaladora desestabiliza as plataformas, há um público jovem com dificuldades de jurar fidelidade a qualquer hábito, ideologia ou gênero cinematográfico. Temos um público flutuante em plataformas flutuantes”.
O historiador do cinema brasileiro e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fernão Ramos, explorou o conceito paulemiliano de “mau filme brasileiro” e como isso repercute para o público em geral, aproveitando para apontar o que considera “esterilizar o pensamento em cinema no Brasil, ou seja, uma espécie de hipertrofia metodológica” – flagrada especialmente no meio acadêmico. “Percebo que se discute o que é história, mas não se faz história de cinema, e Paulo Emilio foi, além de potente crítico, um grande historiador”, lamenta, complementando que “hoje em dia, os estudantes fazem resenhas fílmicas meramente descritivas, não analisam nada”.
“A potencialidade reveladora do mau filme brasileiro”  - destacada por Paulo Emilio em relação às pornochanchadas - foi a expressão escolhida por Ramos para provocar o debate, justamente por revelar “a boçalidade, a grosseria, a vulgaridade do brasileiro médio, ou seja, a nossa própria face no espelho”. Fernão defendeu a atitude corajosa do crítico em enfrentar “a dificuldade que temos de nos relacionar com nosso próprio rosto, nosso próprio ser”.
De modo contundente, o experiente jornalista e especialista em cinema Luiz Zanin Oricchio, atualmente presidente da Abraccine, assinalou alguns problemas praticados pela crítica atual. “Tem faltado aquilo que Paulo Emilio defendia – o real da obra, a paixão pelo concreto e a iluminação que o contexto agrega para a sua compreensão”, afirmou.
Para ele, “a crítica hoje, especialmente a acadêmica, padece de hipertrofia teórica, adoção excessiva de teorias, em que as obras são meras ilustrações, ou, então, sofre com um estruturalismo tardio, no qual persiste uma análise fílmica que propõe uma espécie de fetichização da própria obra, como se ela falasse por si, fosse imanente, não considerando elementos contextuais e biográficos que a cercam”. Segundo Zanin, “para Paulo Emilio, se um contexto não explica a obra, não deixa de iluminá-la”. 
O jornalista alertou também quanto ao reducionismo perigoso disposto no “conteudismo” operacionalizado por boa parte da crítica: “é como se não importasse a estrutura da obra, mas sim a narração, a história, como ela reflete o mundo real, como se tal análise prescindisse até mesmo de assistir ao filme”. Para Zanin, “ao lermos as críticas de hoje, em geral, fica-se muito mais no esqueleto sem se chegar à carne do filme”, acrescentando que se faz fundamental empreender no exercício analítico o salto interpretativo, o salto da imaginação proposto por Paulo Emilio Salles Gomes".
ASSESSORIA DE IMPRENSA - FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012


FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012



Críticos de cinema comentam texto seminal de Paulo Emilio Salles Gomes
As singulares chaves conceituais, a personalidade intelectual marcante e o incisivo pensamento de Paulo Emilio Salles Gomes (1916 – 1977) – um dos maiores historiadores e teóricos do cinema brasileiro e o grande homenageado do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – foram apresentados pelos renomados críticos Ismail Xavier e Alfredo Manevy, nesta quinta-feira, 20, no Kubistchek Plaza Hotel. Integrando o seminário “Paulo Emilio e a crítica cinematográfica”, que se estende até o dia 22, e mediada pela vice-presidente da Abracine, Ivonete Pinto, a mesa “Cinema brasileiro – atividade ainda cíclica” partiu do seminal ensaio “Cinema brasileiro: uma trajetória no subdesenvolvimento” para questionar se a produção nacional vive ainda de ciclos interrompidos ou já está engrenada em um processo de continuidade.
Para uma plateia atenta e numerosa, Alfredo Manevy falou sobre a atualidade do de Paulo Emilio, “esse grande formulador do cinema brasileiro”, acrescentando que “faço parte de uma geração que acessou esse pensador por meio de seus escritos, sou testemunha e produto disso”. Professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Manevy ressaltou a importância do conceito de “campo cinematográfico” lançado por Paulo Emilio, que compreende não apenas a produção dos filmes em si, mas um complexo sistema, o qual inclui o público, a recepção, a crítica, “a dimensão social, enfim”.
De acordo com o professor, Paulo Emilio apontou a dualidade entre arte e indústria, não de modo trágico, mas em sua “tensão real e produtiva”. Também chamou atenção para o caráter elegante, porém franco com que fazia crítica: “sua generosidade contemplava até mesmo os adversários, embora com o rigor afiado de sempre”. Outro aspecto sublinhado, em seus textos dos anos 70, foi o original exame da recepção dos filmes, ou seja, como as plateias reagiam às novas produções, especialmente a classe média emergente após o chamado “milagre econômico”. Por fim, Manevy reiterou a importância de Paulo Emilio no desenvolvimento de uma pensamento verdadeiramente crítico e comprometido com um desenvolvimento no qual a cultura é eixo dos mais estratégicos.
Uma verdadeira aula. Assim foi a participação no seminário de Ismail Xavier, um dos principais críticos e teóricos de cinema da atualidade, ex-aluno de Paulo Emilio e professor da Universidade de São Paulo (USP) desde 1971. Com absoluto domínio da obra e pensamento do mestre, discorreu com naturalidade sobre os principais aspectos teóricos lançados pelo ensaísta nos anos 60 e 70, aproveitando para esclarecer e melhor contextualizar conceitos que se notabilizaram, como “trajetória do subdesenvolvimento” e o par “ocupante-ocupado” .
Xavier explicou que o texto-chave de Paulo Emilio parte de uma concepção teleológica de subdesenvolvimento, na qual é entendido como “estado” e não “estágio”. Aproveitou também para elucidar que a oposição “ocupante-ocupado” foi mal interpretada na época, já que o autor circunscrevia essa dualidade sob a perspectiva de estratificação social e de ocupação/domínio territorial brasileira não sob a acepção imediata. “Na verdade, os fazedores do cinema novo eram ocupantes, e não ocupados como se diziam, simplesmente porque, em geral, provinham de uma situação econômica privilegiada, uma classe média bem formada, ou seja a própria esfera do ocupante”, esclarece.
Ao empreender um passeio panorâmico e retrospectivo pela história do cinema brasileiro, desde os filmes da Companhia Vera Cruz até as produções autorais do Cinema Novo e do Cinema Marginal, Ismail Xavier se valeu das proposições teóricas de Paulo Emilio para lançar suas próprias formulações, retomando o pensamento do crítico para relembrar a importância de se repensar a experiência social e o cinema ligado a ciclos e conjunturas específicas.
“O interessante é que Paulo Emilio não se colocou como porta-voz de nenhum movimento. Seus textos nada tinham de eufóricos, pelo contrário, eram disfóricos. Escrevia com força de estilo, uma habilidade incrível de trabalhar a ironia e a provocação”, avalia. Para Xavier, além de influenciar nomes fundamentais, como Glauber Rocha, David Neves, Gustavo Doria, Paulo César Sarraceni, uma de suas grandes contribuições foi seu “trabalho de delinear processos, empreender análises iluminadoras, estabelecendo coordenadas fundamentais para se pensar o cinema brasileiro”.
Para Ismail, outra proeza de Paulo Emilio era extrair da análise de “maus filmes”, “análises geradoras de lucidez”, contou referindo-se, por exemplo, à critica de “Pensionato de Mulheres”. Nas palavras do ensaísta, “o filme ruim, pelo simples fato de emanar de nossa sociedade, tem a ver com todos nós, e adquire muitas vezes uma função reveladora. Abordar o cinema brasileiro de má qualidade implica numa luta tenaz contra o tédio mas é raro que o esforço não seja compensado. O subdesenvolvimento é fastidioso, mas sua consciência é criativa”.
ASSESSORIA DE IMPRENSA - FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012



"Domésticas" de Gabriel Masclaro e "Era Uma Vez Eu, Verônica" (foto) de Marcelo Gomes foram os destaques do quarto dia das mostras competitivas da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. "Domésticas" é um documentário muito interessante onde partindo da ideia do diretor, vários jovens filmam o dia a dia dos empregados que cuidam de suas casas revelando intimidades, fraquezas e histórias absolutamente humanas destes personagens tão importantes e muitas vezes tão esquecidos. A maior virtude do documentário é a variedade dos exemplos filmados. Vemos aqui desde uma empregada que começou a trabalhar na família de sua melhor amiga na infância e até mesmo um empregado doméstico que cuida de uma residência após abandonar (e/ou ser abandonado) pela família. Sem uma linha definida de história, o documentário consegue ser realista e consegue captar com simplicidade uma parte da vida das domésticas e como suas histórias estão diretamente ligadas com seu dia a dia e futuro. Bom trabalho que pode ser considerado entre os melhores do festival.
"Era Uma Vez Eu, Verônica" é mais uma produção pernambucana de bom nível do festival. Verônica é uma personagem cheia de dúvidas sobre sua vida profissional e amorosa, mais vai vivendo e se revelando à vida assim mesmo. Vivendo dificuldades com a doença de seu pai e a complexidade de entender o ofício de sua profissão (médica), Verônica segue sua trajetória de transformação e revelação, com medo mas sempre seguindo em frente. A direção do filme é bem conduzida e apesar de alguns momentos irregulares, o filme consegue construir uma narrativa simples, direta, com variações interessantes onde a narração da personagem principal nem sempre representa o que ela realmente sente mas que revela mais ainda sua instabilidade. Ao final, Verônica, como todos nós, não resolve suas dúvidas e medos mas sim, aprende a lidar com estas e outras dificuldades, sempre seguindo em frente. Menção especial para a atuação de Hermilla Guedes (de "O Céu de Suely").
Outro destaque do dia foi a continuação do seminário sobre a crítica de cinema baseado na obra do crítico Paulo Emílio Salles, que gerou ótimas reflexões e discussões entre os jornalistas presentes.

Programação das mostras competitivas para sábado, dia 22/09:
Mostra Competitiva - Documentário :
- "A Ditadura da Especulação" de Zé Furtado (10 minutos - DF)
- "Olho Nu" de Joel Pizzini (101 minutos - RJ)

Mostra Competitiva - Animação e Ficção:
- "Phantasma" de Alessandro Corrêa (10 minutos - SP)
- "Vestido de Laerte" de Claudia Priscila e Pedro Marques (13 minutos - SP)
- "Noites de Reis" de Vinicius Reis (93 minutos - RJ)

*Marco Antonio Moreira, direto da 45ª edição do Festival de Brasilia de Cinema Brasileiro

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012



No terceiro dia de exibição dos filmes da mostra competitiva, os destaques foram o curta "A Mão que Afaga" de Gabriela Amaral Almeida e o longa "Boa Sorte Meu Amor". "A Mão que Afaga" mostra a história de uma mulher que trabalha no telemarketing e mora sozinha com o filho. Sozinha, solitária, pretende fazer uma festa de aniversário para o filho fazendo todo o esforço possível. Mas a sua habilidade de se comunicar com as pessoas fica cada vez mais difícil, ao contrário do seu trabalho e talvez por causa dele. "Eu falo com quase mil pessoas por dia" diz ela num momento do filme, mas ela não sabe se relacionar. Na festa, somente uma mãe e sua filha comparecem e o clima de angústia de solidão é latente. Bem dirigido, simples, com poucos diálogos, o curta emociona. Já "Boa Sorte Meu Amor"(foto) confirma a qualidade do cinema pernambucano com uma história de amor, encontro, desencontro e busca de identidade que ao mesmo tempo é extremamente regional e universal. Um homem de 30 anos de origem aristocrática do sertão pernambucano tenta esquecer as origens de sua familia e acaba se apaixonando por uma estudante de música de outra geração que tem uma outra visão sobre as relações sociais e de poder em que eles vivem. E esta diferença, provoca uma necessidade de mudança deste personagem que vai entrar em colisão com sua apatia e indiferença diante do mundo e das pessoas. Bela história dirigida com maestria por Daniel Aragão que criou cenas emocionantes e que revelam um olhar diferenciado de um diretor que é uma revelação. Realizado em preto e branco, o filme claramente tem influências do cinema novo e mesmo do cinema europeu, com longas tomadas, "closes" e utilização da trilha sonora de forma inteligente e sensível. Aplaudido no final da sessão, "Boa Noite Meu Amor" é surpreende e é um dos favoritos ao prêmio de melhor filme do festival.
Outro destaque do dia foi o seminário sobre o crítico Paulo Emilio Salles que teve entre os convidados o crítico e professor de cinema Ismail Xavier que fez uma brilhante apresentação.

Programação da mostra competitiva do dia 21/09 (sexta-feira)

Mostra Competitiva - Documentário :
- "Empurrando o Dia" de Felipe Chimicatti, Pedro Carvalho e Rafael Bottaro (25 minutos - MG)
- "Domésticas" de Gabriel Mascaro (75 minutos - PE)

Mostra Competitiva - Animação e Ficção :
- "Valquíria" de Luiz Henrique Marques (8 minutos - MG)
- "Eu Nunca deveria ter Voltado" de Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão (15 minutos - RJ)
- "Era uma Vez Eu, Verônica" de Marcelo Gomes (90 minutos - PE)

* Marco Antonio Moreira, direto da 45ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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No segundo dia da mostra competitiva, os destaques foram o documentário "Kátia" de Karla Holanda e "A Memória que me Contam" de Lúcia Murat. "Kátia" procurar mostra um pouco da vida e da rotina do primeiro travesti brasileiro a ser eleito para um cargo público mostrando sua luta contra o preconceito e sua dificuldade de assumir a sua vida diante de familiares e especialmente, o pai. O filme segue a narrativa do documentário padrão, sem maiores criatividades na construção da história e sem maiores novidades na questão do preconceito sexual que ainda existe no Brasil e no mundo. Tímido, sem aproveitar mais o contexto histórico da personagem, "Kátia" agradou apenas parte da crítica e foi aplaudido pelo grande público no final.
"A Memória que me Contam" (foto) é um olhar amargo sobre a geração que lutou contra a ditadura militar e que hoje luta para entender e justificar tudo o que aconteceu neste período. A partir de morte eminente de um dos personagens, um grupo de amigos se reúne para tentar ajudá-la e acabam mostrando conflitos internos ainda muito presentes sobre tudo o que aconteceu na época quando lutaram contra a ditadura  e sobre o real resultado destas ações. Inicialmente posso dizer que é um filme que procura dialogar com esta geração dos anos 60/70,ao mesmo tempo que tenta explicar para outras gerações quais foram os motivos desta luta. Procurando às vezes ser didática demais nos diálogos, Murat claramente mostra boas intenções no filme mas peca na construção da história que muitas vezes parece ser presa demais a uma época que passou e marcou a sua geração. Fazendo uma ligação deste período com os tempos modernos, de uma forma menos emocional, talvez ela tivesse dado um filme uma dimensão mais poética e menos tendenciosa e até mesmo menos maniqueísta sobre este período histórico do Brasil. De qualquer forma, Lúcia Murat volta ao tema depois de "Que Bom te Ver Viva" e "Uma Longa Viagem" e dá sua visão sobre um período importante da história do Brasil que ainda aguarda a realização de um grande filme.

Confira a programação de quinta-feira, dia 20/09:
Mostra Competitiva - Documentário :
- "A Guerra dos Gibis" de Thiago Brandimarte Mendonça e Rafael Terpins (19 minutos - SP)
- ""Otto" de Cao Guimarães (70 minutos - MG)

Mostra Competitiva - Ficção e Animação:
- "O Gigante" de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (10 minutos - SC)
- "A Mão que Afaga" de Gabriela Amaral Almeida (19 minutos - SP)
- "Boa Sorte, Meu Amor" de Daniel Aragão (95 minutos - PE)

Outro destaque importante do dia é o seminário PAULO EMÍLIO E A CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA com os temas CINEMA BRASILEIRO - ATIVIDADE AINDA CÍCLICA ? e ENSAIO CINEMA BRASILEIRO - UMA TRAJETÓRIA NO SUBDESENVOLVIMENTO com Ismael Xavier, Alfred Manevy e Ivonete Pinto.

-Marco Antonio Moreira, da 45ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012


Terça,feira, dia 18, iniciou a exibição de filmes com a mostra competitiva de documentários com  "Câmara Escura" de Marcelo Pedroso (25 minutos) e "Um Filme para Dirceu" (80 minutos) de Ana Ohan. Ambos sofrem do mesmo problema : tem boas ideias para um curta de no máximo 15 minutos mas a longa metragem acaba esvaziando o assunto e tirando qualquer bom aproveitamento do tema e da narrativa. Pior para "Um Filme para Dirceu" que mostra a história de um jovem que quer realizar um filme sobre sua vida  mas que na prática, se tornou um vídeo doméstico, para ser exibido no máximo para familiares e amigos. 
Na mostra competitiva de ficção e animação, destaque para o curta "Linear" de 6 minutos que mostrou que uma boa ideia pode ser executada em pouco tempo e de forma criativa. O destaque da noite foi para o longa metragem pernambucano "Eles Voltam"(foto) de Marcelo Lordelo. É conhecido de todos do meio cinematográfico que o cinema pernambucano pulsa criatividade e inteligência nos últimos anos e aqui não foi diferente. O filme começa com um carro parando e deixando dois irmãos na estrada, sem maiores explicações.A partir desse acontecimento, os dois jovens ficam esperando a volta dos pais que não acontece. Os dois irmãos acabam se separando e a irmã acaba percorrendo a estrada sozinha procurando alguém que ajude. Essa trajetória de busca e sofrimento, é narrada de forma cadenciada, sem pressa ou malabarismos formais desnecessários. O diretor Marcelo Pedroso evidencia nos poucos diálogos, a expressão dos atores com enquadramentos próximo, quase "closes", sem utilização de música, criando uma atmosfera de solidão e dúvida pulsantes. A trajetória dessa jovem, que vai testemunhando diversas situações de solidariedade, dúvidas, mudanças e sofrimentos, vai lentamente mudando sua personalidade até um final que surpreende. "Eles Voltam" é um filme sobre esta busca de identidade e o que fazer quando se começa a encontrar o seu caminho, especialmente dentro de um núcleo familiar desgastado e falido, onde a comunicação e o sentimento mútuo desapareceram há muito tempo mas que pode ser resgatado, reerguido, transformado. Belo filme que desde já é um dos favoritos do festival.

Programação de hoje no Festival de Brasília :
Mostra Competitiva - Documentário :
"A Cidade" de Liliana Sulzbach (15 minutos - RS)
"Kátia" de Karla Holanda ((74 minutos - PI)

Mostra Competitiva - Ficção e Animação:
"Mais Valia" de Marco Túlio Ramos Vieira ( 4 minutos - MG)
"Vereda" de Diego Florentino (20 minutos - PR)
"A Memória que me Contam" de Lúcia Murat (95 minutos - RJ)

*Marco Antonio Moreira, direto da 45ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

terça-feira, 18 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012


Com uma homenagem ao crítico de cinema Paulo Emílio Salles e a a apresentação da orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claúdio Santoro, começou ontem a 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A sala do Teatro Nacional estava completamente lotadas com várias pessoas ligadas ao cinema, teatro e televisão. Críticos de cinema de vários estados marcaram presença, a grande maioria filiada a ABRACCINE (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema) que vieram para acompanhar as mostras competitivas de longa e curta-metragem e também para participar dos seminários que vão debater sobre a critica de cinema feita no Brasil ontem e hoje, analisando também as influências do crítico Paulo Emilio Salles, que faleceu em 1977 e que foi um dos fundadores do festival de Brasília.
Depois da apresentação da orquestra sinfônica, foi exibido o filme de abertura do festival (que não faz parte da mostra competitiva) chamado "A Última Estação" de Marco Cury, que procura fazer um resgate histórico da imigração libanesa no Brasil a partir de um personagem que é testemunha de várias mudanças no país durante várias décadas e que inicia uma busca pelo seu passado a partir do momento que fica doente.O público aplaudiu o filme no final e a crítica especializada ficou dividida com o resultado final do filme, que será distribuido nos cinemas pela Polifilmes até o início do ano que vem.
Antes da mostra competitiva de hoje, destaque para o Fórum de Defesa e Promoção do Cinema Infantil que tem como convidados Ziraldo, Carla Camurati, Nilson Rodrigues, Pedro Rovat, Renato Aragão, Luiza Lins entre outros.
Confira a programação de hoje (dia 18/09) das mostras competitivas:
MOSTRA COMPETITIVA - DOCUMENTÁRIO:
- "Câmara Escura" de Marcelo Pedroso (25 min - PE)
- "Um Filme para Dirceu" de Ana Johan (80 min - PR)

MOSTRA COMPETITIVA - FICÇÃO E ANIMAÇÃO :
- "Linear" de Amir Admoni (6 min - SP)
- "Canção para minha Irmã" de Pedro Seerian (18 min - PE)
- "Eles Voltam"" de Marcela Lordello (100 min - PE)

*Marco Antonio Moreira, direto de Brasília.

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012

 
O Festival de cinema brasileiro mais antigo do Brasil, chega à sua 45ª edição em 2012. Repleto de momentos históricos, premiações importantes, debates memoráveis e sempre visto como uma grande referência ao cinema brasileiro, o Festival de Brasília tem hoje (dia 17/09) sua abertura com a exibição do filme "A Última Estação" de Márcio Curi. Antes, acontecerá uma apresentação da orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro sob regência do maestro Cláudio Cohen.A programação da mostra competitiva do festival tem várias novidades que em breve (espero) cheguem aos cinemas brasileiros como "Boa Sorte Meu Amor" de Daniel Aragão e "Otto" de Cao Guimarães. Outro destaque do festival é o seminário sobre a crítica de cinema com discussões a partir da influência do grande crítico Paulo Emílio Salles. Jornalista de vários estados do país estão em Brasília, reforçando a importância deste festival, ainda mais após o cancelamento do festival de Paulínia este ano. Com a intenção clara de evidenciar cade vez mais a produção do cinema brasileiro, o festival de Brasília é mais do que bem vindo num ano em que quem faz o cinema nacional, deve pensar e repensar sobre os caminhos a serem seguidos e até que ponto vale tudo para (re)conquistar o grande público, como aconteceu especialmente nos anos 50 e 70.

*Marco Antonio Moreira, de Brasília.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 14 À 20/09/12


CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho

AMAZÔNIA DOC 4  - Edição 2012
De 21 à 30/09, dentro das atividades da XVI Feira Pan - Amazônica do Livro, promovida pela SECULT, acontecerá a 4ª Edição do Festival Amazônia Doc. Este ano, além da parte competitiva, acontecerá a exibição de uma mostra de filmes baseados na obra do escritor Nelson Rodrigues e uma mostra de filmes portugueses. A curadoria do festival ficou sob a responsabilidade de Zienhe Castro (diretora e idealizadora do festival), Manoel Leite Jr. e Marco Antonio Moreira (agradeço o convite para participar desta curadoria). Confira programação completa:

MOSTRA COMPETITIVA PAN AMAZÔNICA 2012
Local: Cine Estação das Docas - Teatro Maria Sylvia Nunes
Dia 22/09 – sábado (sessão de abertura)
19h e 30m – Juliana contra o jambeiro do diabo pelo coração de João Batista – Diretor: Roger Elarrat , Brasil/PA- 2011 - Ficção ,Curta, 22’
20h - Carta Para o Futuro – Dir: Renato Martins, Brasil/RJ/2011, Doc. Longa,70’
23/09 – domingo
19h e 30m – Pinball – Diretor: Ruy Veridiano , Brasil/SP/2010 - Ficção Curta/17’ /
Céu, Inferno e Outras partes do corpo – Diretor: Rodrigo John, Brasil/RS/2011 -Animação, Curta,7’
20h - A Alegria – Diretores: Felipe Bragança e Marina Meliande, Brasil/RJ/2010 – Ficção, Longa,100’
24/09 – segunda-feira
19h e 30m - Gaveta – Diretor: Richard Tavares, Brasil/RS/2010, Ficção,Curta 8’
20h - Malditos Cartunistas – Diretor: Cavi Borges, Brasil/RJ/2010 – Doc. Longa,90’
25/09 – terça-feira
19h e 30m - Regresso – Diretor: Jano Burmester, Lima/Peru/2010 Ficção, Curta/18’
20h - À Margem do Xingu – Diretora: Dàmia Puig Auge, Brasil/SP/2010 - Doc. Longa, 88’
26/09 – quarta-feira
19h e 30m - Paraíso Terrenal – Diretor: Tomás Welss ,Chile/Santiago,2010 – Animação, Curta17’
20h - Avenida Brasília Formosa – Diretor: Gabriel Mascaro, Brasil/PE/2010 - Doc. Longa, 84’
27/09 - quinta-feira
19h e 30m - Estação – Diretora: Márcia Faria , Brasil/SP/2010 - Ficção,Curta/15’
20h - The Sand and the Rain – Diretores: Diana Rico e Richard Decaillet Bogotá/Colombia/2009 - Doc. Longa,82’
28/09 - sexta-feira
19h e 30m - Pcycle –Diretores: Lucas Margutti e Yan Saldanha , Brasil/RJ/2011
Ficção, Curta/10’
20h - Ojos bien abiertos – Diretor: Gonzalo Arijón , Uruguai/2009 – Doc. Longa,110’
29/09 - sábado
19h - Um dia com Frederico Morais – Diretor: Guilherme Coelho, Brasil/RJ/2011Doc.
Longa, 60’
20h e 30m  -Das Barrancas do Rio Cariá – Diretor: Chico Carneiro, Brasil/PA/2011 - Doc, Longa/66’
30/09 – domingo (sessão de encerramento)
19h - Sessão especial de pré-lançamento dos curtas paraenses CERTEZA de Pedro Tobias e ERVAS E SABERES DA FLORESTA de Zienhe Castro
20h e 30m - Filmes Vencedores da Mostra Competitiva Amazônia Doc. 4

MOSTRA RODRIGUEANA DE CINEMA
Local: Cineclube Alexandrino Moreira (Auditório do Instituto de Artes do Pará))
22/09 – sábado
19h – “A Falecida" (1965). Dir. Leon Hirszman
23/09 – domingo
19h - "Toda Nudez Será Castigada" (1972). Dir. Arnaldo Jabor
24/09 – segunda-feira
19h - "O Casamento" (1975). Dir. Arnaldo Jabor
25/09 – terça-feira
19h - "Beijo no Asfalto" (1981). Dir. Bruno Barreto
26/09 – quarta-feira
19h - "Engraçadinha" (1981). Dir. Haroldo Marinho Barbosa
27/09 - quinta-feira
19h – “A Vida Como Ela É” (1996) Dir. Daniel Filho. Episódios “O Anjo” e “O Decote”
28/09 - sexta-feira
19h - "Engraçadinha - Seus Amores e Seus Pecados" (1995). Dir. Carlos Manga, Denise
Saraceni e João Henrique Jardim. Episódio 1 - "Só Conhece o Amor Quem Possui a Cunhada Impossível”
29/09 - sábado
19h - "Gêmeas" (2000). Dir. Andrucha Waddington.

MOSTRA CINEMA PORTUGUÊS
Local: Cine/Sala Hangar Centro de Convenções
22/09 – sábado
18h -“Os Mistérios de Lisboa”, Dir. José Fonseca e Costa,Documentário, 2009, 69’
20h -“Cinco dias, cinco noites” Dir. José Fonseca e Costa, Policial, 1996, 100’
23/09 – domingo
18h -“A Costa dos Murmúrios” Dir. Margarida Cardoso, Drama, 2004, 120’
20h -“Crônica dos Bons Malandros” Dir. Fernando Lope, Comédia, 1984, 79’
24/09 – segunda-feira
18h – “Agostinho da Silva – Um pensamento vivo”, Dir. João Rodrigo Mattos, Documentário, 2006, 80’
20h - “O Delfim” Dir. Fernando Lopes, Drama, 2002, 83’
25/09 – terça-feira
18h -“100 Anos a propósito de Agostinho da Silva” Dir. João Rodrigo Mattos,
Documentário, 2006, 95’
20h -“Palavra e Utopia” Dir. Manoel de Oliveira, Drama, 2000, 130’
26/09 – quarta-feira
18h - “O Fascínio” Dir. José Fonseca e Costa, Drama, 2003, 110’
20h – Saudade Sábia , Dir. Yolanda Costa e Lilian Norat, documentário, 2008,52’
21h – Sementes de Ouro Negro, Dir. José Borges, documentário/ficção, 2009, 54’
27/09 - quinta-feira
18h -“Os Imortais” Dir. António Pedro Vasconcelos, Ação, 2003, 130’
*Filmes cedidos pelo Consulado Português em Belém do Pará por meio do Instituto Camões
OFICINA
Realização de micro-documentários em Mídias Móveis – Oficina de realização de todo processo de construção e captação e finalização de um micro-documentário de até um minuto, com câmeras de diversos formatos, desde DSLR , câmera de celular e câmera digital fotográfica. Será montada uma mini-produtora para realizar todo o processo de captação até a montagem durante a realização da oficina. Ministrantes: Gilberto Mendonça,Filipe Parolin, Leo Chermont e Zienhe Castro.Datas: 25 (terça) 26 (quarta) 27 (quinta) de setembro.Locais: Sala Multiuso 07- Hangar Centro de Convenções da Amazônia.Hora: 10h as 14h e 16 as 20h.
*programação sujeita à alterações.
ESTREÍAS DA SEMANA
“Residente Evil 5 : Retribuiçlão”, “Corações Sujos”, “E A Vida Continua”, “O Diário de Tati”,  e “Vizinhos Imediatos do 3º Grau”.

PRÉ-ESTREIA
“Ted”

 “CONTINUAÇÕES” (Destaques)
“O Legado Bourne”

 AGENDA
*Cineclube da Casa da Linguagem: Neste mês, serão exibidos filmes do cineasta americano Nicholas Ray. Dia 25/09, exibição de “Alma sem Pudor”, produção de 1950 com Joan Fontaine no elenco . Sessão às 19h com entrada franca.
 *Cine Olympia: Depois de ter paralisado sua atividades por motivos técnicos, o nosso cinema centenário volta a exibir o Festival de Filmes de Terror que fez sucesso durante o mês de julho. O festival agora tem novas datas com a inclusão de mais títulos, Hoje será exibido “A Morta Viva” (1943) de Jacques Torneur. O festival de terror continua até o dia 07/10. Confira a programação desta semana: Dia 18 – “Nosferatu” de F. Murnau (1921), Dia 19 – “A Noiva de Frankenstein”(1935),  Dia 20 – “A Dança dos Vampiros” de Roman Polansky, Dia 21 – “Os Outros” com Nicole Kidman, Dia 22 – “A Mosca” de David Cronenberg e Dia 23 – “O Enigma do Mal” com Barbara Hershey. Sessão às 18:30 h com entrada franca.
*Cine Líbero Luxardo: Para uma reforma geral de suas instalações, o cinema está sem atividades com previsão de retorno normal até o fim do ano..
*Cine Estação: Em setembro, está programada a quarta edição do Festival Amazônia Doc. que terá uma mostra de filmes em homenagem ao escritor Nelson Rodrigues.Em Outubro, confirmada a exibição de "Fausto" de A. Sokurov.
*Cine Saraiva : Dia 30/09 será exibido o filme “Blade Runner” de Ridley Scott às 17h, na parceria da ACCPA com a APC (Academis Paraense de Ciências) com entrada franca e debate.

Coluna Cineclube - Dia 29/01/23