terça-feira, 11 de novembro de 2008

"O RITO" É MAIS UMA OBRA-PRIMA DE INGMAR BERGMAN


Três atores de teatro são acusados de encenar uma peça considerada obcena e por isso são chamados para um juiz para serem interrogados. Mas durante a interrogação, acaba se revelando o íntimo dos personagens que mostram seus medos, anseios, dúvidas, mágoas e raivas com a vida. Sentimentos que somente são equilibrados quando são atores e não pessoas normais, frágeis e vulneráveis. Nesse processo, o personagem do juiz também acaba se revelando frágil e confuso num ritual onde os atores encenam o momento da peça considerado obceno. Ingmar Bergman concebeu este filme no auge de sua fase mais experimental, em 1969. Feito para a televisão, o filme tem uma fotografia extraordinária do mestre Sven Nykvist que em closes constantes, revela sem rodeios os sofrimentos e angústias dos personagens. Como sempre em todos os filmes de Bergman, os atores estão em atuações soberbas especialmente Ingrid Thulin, que atuou em vários filmes do mestre sueco. Inédito no Brasil, “O Rito” é uma obra-prima que incomoda, provoca e confirma o talento de um gênio que como poucos, soube lidar no cinema com as questões referentes a alma humana. Veja sem falta.

TRILHAS SONORAS : O QUE ESTÁ ACONTECENDO ?


Há quanto tempo não temos um filme com uma trilha sonora marcante, de qualidade, que tenha temas musicais que fiquem na nossa memória? Você já pensou nisso?É incrível que hoje na maioria dos filmes, a música sirva apenas como acompanhamento das cenas, especialmente nos filmes de ação e aventura. Poucos cineastas levam em consideração que a música é um elemento importante dentro da construção de um filme. Diretores como Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick foram exemplos disso. Seus filmes marcaram várias gerações entre tantas razões, pelo fato de que a música estava dentro do enredo como um elemento dramático importante. Como podemos esquecer, por exemplo, da cena final de “Um Corpo que Cai” (1957) de Hitchcock, quando no desfecho da história temos um tema musical extraordinário composto pelo maestro Bernard Herrman? No caso de Kubrick, como esquecer as sequências de abertura de “2001 : Uma Odisséia no Espaço”(1968) e “Laranja Mecânica” onde a música nos leva para dentro da história já de forma marcante?Parece que hoje, com as exceções de sempre, os músicos que fazem as trilhas sonoras são extremamente burocráticos nas composições, talvez até por imposições dos produtores. Hoje, na maioria dos filmes, ouvimos músicas incidentais sem brilho que são dependentes das imagens. Das trilhas sonoras recentes, a que mais me impressionou foi de Hans Zimmer em “O Código da Vinci” sendo uma exceção entre tantos títulos lançados nos cinemas e locadoras. Na dúvida do que fazer, os novos talentos poderiam pegar como exemplo os trabalhos de músicos como John Barry (Out of África), Bernard Herrman (Um Corpo que Cai/Psicose), Ennio Morricone (Cinema Paradiso), Nino Rotta (Amarcod), Max Steiner(E O Vento Levou), entre tantos nomes. Talvez assim, tenhamos uma nova geração de músicos que podem mostrar nos filmes o seu talento musical com criatividade e sensibilidade , marcando seu trabalho na memória do espectador que valoriza a música de uma forma geral e que está com saudades de quando o cinema revelava grandes trilhas sonoras.

Coluna Cineclube - Dia 29/01/23